me aproximo de tombar em sono suave em bairros os cachorros latem digo: cantam de galo no terreiro à tarde esperam sobre esporas altaneiros os galos a que me referi acima ciscam em consideração às galinhas também não sobra muito para o caderno hão passado verão outono inverno e muito está aqui enfeixado e tudo mais que passou por apagado já esse posfácio não sai fácil feito os outros de bem outro hábito escrever sem prévio rascunho assim levado a reboque do próprio punho não me é um bem como antes fora faço papel de tolo jogral fora de hora querendo levar a cabo missão sem solda e soldo água em cuja superfície áporos a rodo enquanto mais ao fundo lodo-areia no qual não há que pise sequer de meias e rimas oficiando o que já é um rito acabar cuaderno escrevendo esquisito felizmente minha fabulação manca estou com travas na fala trancas não há indulto possível para poeta que não se toca ou diz não à caixa-preta que melhor memória manuseável externa pode haver para se ler os destroços da c
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista do site Sul21 https://www.sul21.com.br/editoria/colunas/ronald-augusto/