Primeiro levem os brancos Eu não me importo com isso Porque eu não sou branco Em seguida quando encontrarem alguns operários brancos racistas Levem também, eu estou andando pra eles Depois prendam os miseráveis brancos racistas Eu dou de ombros Porque eu não sou um miserável branco racista Depois, se conseguirem, agarrem um desempregado branco Um desempregado branco a menos na fila Melhora as chances de emprego de um desempregado não-branco Eu sei que vocês pretendem me levar também Mas antes disso, como diz o adágio, Terei ao menos testemunhado seis ou sete Desses brancos que embaçam a nossa vida S erem enforcados nessas árvores
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista do site Sul21 https://www.sul21.com.br/editoria/colunas/ronald-augusto/