DECADÊNCIA DAS CONQUISTAS estou um nó neste lugar o que é ocasião de me ver em grande aperto e por este respeito todo o meu pensamento e o que mais sendo sério pude entesourar de tal contingência que por mim mesmo resolvi tentar meu exílio tem de largo e comprido a medida de uma vida sem paz quando mudei o tempo concedeu-me alma nova pois nela não havia mais que pastor de gado sem remanso que fica preso à terra e à família e faz vistagrossa a outras terras e outras borrascas para as quais as gentes de mar vão em amanhecendo a pontos onde ninguém com sinais agora acho-me num destes pontos e espanto o quanto posso a ponta de arrependimento que me chaga e embrulha-me semelhante a onda tive vista de muitos desesperos moribundos dobrando a vigilância baratas besouros e gafanhotos monstros pensativos pontas de lanças noites que despertei alvoroçado ouvindo portas baterem
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista do site Sul21 https://www.sul21.com.br/editoria/colunas/ronald-augusto/