Que as escolhas ou decisões (não importa a angulação) são precárias, provisórias, e se nos recusamos a fazê-las só nos resta o eterno e as condecorações de praxe. Que todos esses escritores que infestam as redes sociais são competentes e manejam muito bem os fundamentos do ofício, mas tais dotes não realçam espíritos superiores, apenas compensam intelectos medíocres. Que podemos usar a opção “curtir” caso sejamos informados, por exemplo, sobre a morte de algum dos nossos desfetos. Que através de um raciocínio sedutor e de emendas feiticeiras o escritor-seguidor das redes sociais tenta por esse meio persuadir-nos de sua significância, contudo, sem confundir ao menos o crítico atento, ilude-se a si mesmo. Que muitos querem ir além, dizer mais e fazer mais; e que é fácil dar as costas ao além (a tradição, o mundo dos mortos), de onde viemos todos. Que um homem sozinho não deve ser temido nem estimado. Que mais se escapa do que se desperta do pesadelo da história. Que o
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista do site Sul21 https://www.sul21.com.br/editoria/colunas/ronald-augusto/