Li muito Mario Quintana. Mas, há décadas, sua linguagem deixou de me interessar. Quintana é um bom poeta, no entanto carece de nervos . Tensões de linguagem. Muitos críticos e professores de letras dizem que ele foi revolucionário por ter estreado com um livro de sonetos justo no momento em que o verso livre modernista se convertia rapidamente em cânone. Isto é, para essa recepção, Quintana reforça, de certa forma, com sua escolha inicial, a tese do gaúcho como um ser “do-contra”, que não aceita as “imposturas” vindas do centro do país. Ele mesmo gostava de se vangloriar disso sempre que era questionado a respeito; dava corda à anedota. Ora, isso me parece um falso problema, uma contrafação. Primeiro porque a famosa coletânea de sonetos é, talvez, o que Mario tinha de melhor para publicar à época. E, segundo, porque atribuir a essa estreia acanhada um tom de manifesto crítico é um despropósito. Além do mais, o que se comprova a seguir, na obra de Mario Quintana, é uma adesão quase
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista do site Sul21 https://www.sul21.com.br/editoria/colunas/ronald-augusto/