Li muito Mario Quintana. Mas, há décadas, sua linguagem deixou de me interessar. Quintana é um bom poeta, no entanto carece de nervos. Tensões de linguagem. Muitos críticos e professores de letras dizem que ele foi revolucionário por ter estreado com um livro de sonetos justo no momento em que o verso livre modernista se convertia rapidamente em cânone. Isto é, para essa recepção, Quintana reforça, de certa forma, com sua escolha inicial, a tese do gaúcho como um ser “do-contra”, que não aceita as “imposturas” vindas do centro do país. Ele mesmo gostava de se vangloriar disso sempre que era questionado a respeito; dava corda à anedota. Ora, isso me parece um falso problema, uma contrafação. Primeiro porque a famosa coletânea de sonetos é, talvez, o que Mario tinha de melhor para publicar à época. E, segundo, porque atribuir a essa estreia acanhada um tom de manifesto crítico é um despropósito. Além do mais, o que se comprova a seguir, na obra de Mario Quintana, é uma adesão quase que definitiva àquilo que ele, aparentemente, repudiava com seu livro inaugural.
Amaralina Dinka, minha filha caçula de 11 anos, escreveu seu primeiro poema e me pediu para publicá-lo aqui no blog. Ela quer receber críticas e comentários. A MOCINHA FELIZ Eu acordei bem sapeca Parecendo uma peteca Fui direto pra cozinha Tomar meu café na caneca Na escola eu aprendi A multiplicar No recreio fui brincar Cheguei em casa Subi a escada Escorreguei, Caí no chão Mas não chorei Na hora de jantar Tomei meu chá Na minha janela Vi uma mulher tagarela.
Comments