Estilo = aquele conjunto de procedimentos através dos quais o texto consegue se desviar das normas estatísticas da linguagem, da língua. Há a norma culta escrita do português / mas a língua falada tem mais estilo porque desvia da norma, no entanto, quando a ocorrência de um desvio linguístico se torna mais elevada, esse desvio vira uma norma estatística. O que acontece na prática comunicativa utilitária: os elementos linguísticos nessas mensagens estão, via de regra, automatizados. Já na poesia se dá o oposto: os elementos, os efeitos linguísticos são desautomatizados ou são postos em primeiro plano. Elementos linguísticos automatizados não chamam atenção para si; simplesmente comunicam, levam a mensagem. São portadores de mensagens. Elementos linguísticos automatizados ocorrem com probabilidade muito alta, portanto, são redundantes. Assim teremos chance de poesia sempre que identificarmos num texto em termos estatísticos uma baixa taxa de ocorrência de elemento
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista do site Sul21 https://www.sul21.com.br/editoria/colunas/ronald-augusto/