Brancos são aqueles tipos que aparecem nos comerciais. Ao contrário do que acontece com não-brancos, a presença de brancos nas peças publicitárias não precisa ser justificada. Brancos: a rigor não existem, os comerciais é que lhes conferem existência. A máxima segunda a qual um produto que tem um branco como garoto propaganda é sinal de que o produto será bem recebido, só se justifica pela preguiça, pelo cansaço e pelo preconceito. Brancos são universais, jamais particulares. Para os brancos qualquer um que se afirme não-branco comete um crime de lesa humanidade, afinal todossomoshumanos. Tenho amigos brancos. São engraçados. A branquitude dos brancos é cega. Brancos dizem: “você sabe com quem está falando?”. É branca a mão em close up que passa o cartão de crédito. Nas cartilhas de lógica consta: “Sócrates é branco”. Brancos não aceitam ser coadjuvantes. Pagam seus impostos e fazem questão de publicar isto. Se autoproclamam brancos, mas
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista do site Sul21 https://www.sul21.com.br/editoria/colunas/ronald-augusto/