Em Falso começo Pedro Gonzaga demonstra – ou segue demonstrando seu – adestramento técnico; o poeta conhece os ritmos da tradição do verso livre modernista, o que lhe permite reagir às fraturas excessivas da poesia dos seus contemporâneos de geração que, o mais das vezes, acabam escrevendo uma espécie de prosa disfarçada em versos interrompidos aleatoriamente. Pedro é um jovem poeta que não teme, portanto, “repetir para aprender”, pois sabe que esse é o requisito indispensável na direção de “aprender para criar”. Seus poemas revelam uma voz em tom coloquial-irônico; um lirismo preciso que não capitula ao sentimentalismo votado a seduzir o leitor crédulo. Falso começo se oferece ao leitor como um conjunto de bons poemas que recriam o cotidiano por um viés mais estetizante do que virtuosístico. Condenação / Pedro Gonzaga Mais uma vez verão dos diabos a carne gentil mal desvelada salubre e daninha a vibração da vida antes da noite antes dos insetos um c
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista do site Sul21 https://www.sul21.com.br/editoria/colunas/ronald-augusto/