Nessa etapa de minha leitura à Tramas de orvalho (Editora Movimento, 2007) , obra da poeta Deisi Beier, noto e anoto que trata-se de um poema-livro, não apenas de um livro enfeixando poemas, nem de uma mera recolha ou seleta recuperada à gaveta de guardados. Isto é, há nesse livro de estréia - e de uma trajetória em perspectiva - , uma vontade de coesão, inclusive no que toca à sua dicção. Tramas de orvalho se revela um poema longo parcelado num inventário-discurso de compósitos imagéticos, um verdadeiro cine-sintagmas. Ou ainda, um poema em processo, expondo as marcas sucessivas de contentes metamorfoses, que, às vezes mais, às vezes menos, alcançam a sintonia fina da sua imprecisão virtuosa em muitas estações ou cenas desse gesto textual que se inaugura. Uma ou outra passagem se perde por entre os dedos da poeta, custo pago a um trabalho compositivo que tem algo de heurístico. Um tatear amoroso pelas ranhuras ainda frescas de uma palavra que empreende a viage