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Showing posts from January, 2010

ramagam de imagens

Nessa etapa de minha leitura à Tramas de orvalho (Editora Movimento, 2007) , obra da poeta Deisi Beier, noto e anoto que trata-se de um poema-livro, não apenas de um livro enfeixando poemas, nem de uma mera recolha ou seleta recuperada à gaveta de guardados. Isto é, há nesse livro de estréia - e de uma trajetória em perspectiva - , uma vontade de coesão, inclusive no que toca à sua dicção. Tramas de orvalho se revela um poema longo parcelado num inventário-discurso de compósitos imagéticos, um verdadeiro cine-sintagmas. Ou ainda, um poema em processo, expondo as marcas sucessivas de contentes metamorfoses, que, às vezes mais, às vezes menos, alcançam a sintonia fina da sua imprecisão virtuosa em muitas estações ou cenas desse gesto textual que se inaugura. Uma ou outra passagem se perde por entre os dedos da poeta, custo pago a um trabalho compositivo que tem algo de heurístico. Um tatear amoroso pelas ranhuras ainda frescas de uma palavra que empreende a viage

suma filosofal do blogueiro a propósito da poesia

Cada poema é um lance no jogo de conquista – ou de negaceio – do impreciso. A rigor a poesia não esclarece coisa nenhuma. A poesia não se presta à transmissão de mensagens sem rasuras. A mensagem poética tende a ser ambígua. O fazer da poesia, que é afasia (distúrbio de linguagem e de comunicação), parece pretender ficar rente àquelas zonas mais obscuras e insondáveis da experiência. O movimento sígnico da poesia em realidade busca não dissimular, mas sim problematizar um aspecto crítico da linguagem, ao qual não se dá a devida atenção, a saber: a crença infundada de que apenas uma linguagem articulada (a prosa, por exemplo) e seu corolário – uma objetividade desinteressada e quase transparente -, é capaz de iluminar e decodificar o íntimo dos seres e das coisas. Mais do que “signo tradutor por excelência”, a palavra como legenda se depara o tempo todo com as suas margens e sua arbitrariedade. O poeta exercita formas vertiginosas do signo linguístico. O poema é u