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Showing posts from November, 2010

leitura de um breve poema

foto: roberto schmitt-prym Boda / mirta villas boas ferrari Um riso fugindo da boca O olhar que se demora Dois em um, Agora. Sequência métrica 1 2 3 4 5 6 7 8 Um/ ri /so/fu/ gin /do/da/ bo /ca 1 2 3 4 5 6 7 O/o/lhar/que/se/de/ mo /ra 1 2 3 Dois/em/ um , 1 2 A/ go /ra. Sequência de assonâncias b O d A U m r I s O f U g I nd O da b O c A [umriso/fugindo: assonância interna e rimas toantes] O Olhar que se DemOrA DOis em Um, AgOrA. Em termos icônicos a palavra “boda” já abriga a parelha, o casal, isto é: bOdA, as vogais “o” (ele) e “a” (ela). No mesmo sentido, e com a mesma liberdade, podemos ler a persistência anagramática do vocábulo “amor” no interior do substantivo “deMORA”. Mirta dissimula um poema (ou seja, uma coesão de form

Diálogo entre dois homens velhos e inteligentes

foto: rogério gil desenho de raul pompéia Aires A opção pelo verso livre só se justifica quando o que está em jogo é a conquista de um conceito extremamente original e conciso, compreende? Aguiar É de supor que haja uma necessária dose de prosa no resultado desse “conceito” em verso-livre, mas que, no entanto, não soe como obra de um “redator publicitário em férias” e vagamente interessado em poesia. Aires Defendo o verso com ritmo e rima final e/ou interna em todos os outros casos, cuidando, porém, para que o poema seja um organismo com vida própria, que não dependa, portanto, de uma ou outra interpretação. Aguiar Aires, meu velho, o poema não depende de nenhuma interpretação. Além disso, é da natureza do poema sugerir uma série infinita delas (de interpretações) que se anulam num ponto de fuga, do contrário não seria obra de arte, nem poema. E se o poema é um “organismo com vida própria”, quem poderá obrigá-lo a ostentar rimas, ritmos institucionalizados e orna