Fuçando em papéis velhos, achei essa letra que fiz em 2001 para uma música do meu caro César Augusto Pontes Ferreira (vai o nome completo, pois se eu deixasse só César Augusto soaria como um nome ficto). Acontece que o meu amigo preferiu fazer, ele mesmo, outra letra, corrigindo por assim dizer a que eu fizera a partir da sua melodia, pois achou a minha muito “obscura e complexa”. Então, aí vai essa letra viúva, divorciada, solta, enfim, o divino internauta decida como nomeá-la. Observação: uma letra sem música é como um poema ruim. Decompor a canção do alto ao chão deviver sem dever ao grande mal o ruim diz que sim a vertigem desdiz vejo o olho do sol fechado estou no silêncio sigo meio de lado assim sem querer sombra do som eu visito o lugar mais aquém onde não sopra ninguém onde nem vem que não tem indagar pelo mundo Para o bem da canção o mal-estar dessa flor sem buquê o que virá? a palavra é flor o perfume a mentir o avesso do lado ce
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista do site Sul21 https://www.sul21.com.br/editoria/colunas/ronald-augusto/