Fuçando em papéis velhos, achei essa letra que fiz em 2001 para uma música do meu caro César Augusto Pontes Ferreira (vai o nome completo, pois se eu deixasse só César Augusto soaria como um nome ficto). Acontece que o meu amigo preferiu fazer, ele mesmo, outra letra, corrigindo por assim dizer a que eu fizera a partir da sua melodia, pois achou a minha muito “obscura e complexa”. Então, aí vai essa letra viúva, divorciada, solta, enfim, o divino internauta decida como nomeá-la. Observação: uma letra sem música é como um poema ruim.
Decompor a canção
do alto ao chão
deviver sem dever
ao grande mal
o ruim diz que sim
a vertigem desdiz
vejo o olho do sol fechado
estou no silêncio
sigo meio de lado
assim sem querer
sombra do som
eu visito o lugar
mais aquém
onde não sopra ninguém
onde nem vem que não tem
indagar pelo mundo
Para o bem da canção
o mal-estar
dessa flor sem buquê
o que virá?
a palavra é flor
o perfume a mentir
o avesso do lado certo
língua à flor da terra
margem do não-sentido
luz de outro azul
sombra da ação
a palavra é o lugar
sem além
onde o luar se detém
onde às vezes convém
invocar outro mundo
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