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antipoema para a literatura branca brasileira

 




por uma literatura de várzea

por uma literatura lavada de notas de pé de página

por uma literatura sem seguidores

por uma literatura não endogâmica

por uma literatura infiel à realidade

por uma literatura impertinente

por uma literatura não poética

por uma literatura que não capitule à noção de "obra", acúmulo de feitos

por uma literatura que não seja o corolário de oficinas de escrita criativa

por uma literatura que não sucumba à chapa de que o menos é mais

por uma literatura desobediente ao mercado livreiro-editorial

por uma literatura imprudente

por uma literatura sem cacoetes, isto é, o oposto do que faz mia couto

por uma literatura que não se confunda com o ativismo de facebook

por uma literatura que não seja imprescindível

por uma literatura sem literatos

por uma literatura, como disse uma vez lezama, livre dos tarados protetores das letras

por uma literatura sem mediadores de leitura

por uma literatura não inspirada em filósofos franceses contemporâneos

por uma literatura implicante

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Ivy G. Wilson Ayo A. Coly Introduction Callaloo Volume 30, Number 2, Spring 2007 Special Issue: Callaloo and the Cultures and Letters of the Black Diaspora.To employ the term diaspora in black cultural studies now is equal parts imperative and elusive. In the wake of recent forceful critiques of nationalism, the diaspora has increasingly come to be understood as a concept—indeed, almost a discourse formation unto itself—that allows for, if not mandates, modes of analysis that are comparative, transnational, global in their perspective. And Callaloo, as a journal of African Diaspora arts and letters, might justly be understood to have a particular relationship to this mandate. For this special issue, we have tried to assemble pieces where the phrase diaspora can find little refuge as a self-reflexive term—a maneuver that seeks to destabilize the facile prefigurations of the word in our current critical vocabulary, where its invocation has too often become idiomatic. More critically, we

35 anos depois, poemas

[primeira redação: 1985; duas ou três alterações: 2020]   1 espelho verde não se sabe de onde parte a vontade do vento confins com os quais o vento confina   2 um paraíso entre uma ramagem e outra e uma outra e imagens que não se imaginam por isso um paraíso   3 marcolini amigo este cálix (quieto) este cálix é um breve estribrilho um confim um paraíso uma música uma náusea                                                                                                                   4 a brisa em pleno brilho vai-se sempiterno para o claro exceto que uma claridade sem margens abeira-nos da escuridão mais aguçada                                     5 copo onde a pedra da luz faísca pão solar gomo aberto vinácea e divina ipásia                                                6 quando as palavras se tornam escuras não é porque há algo de inefável nos objetos a que elas se referem há duas razões para que isso ocorra