"Éblis mostra a cara. Por enquanto e até agora, cinco volumes publicados, tom de diversidade de lugares e de dicções variadas também. De Ronaldo Machado, ´Solecidades´ (2007), uma curiosa recuperação da dimensão metafórica da poesia, recurso que caiu em desuso na produção recente, mas que aqui aparece revigorado, convertido numa metáfora urbana e amarga. Ronald Augusto em ´No assoalho duro´ (2007), como é bem sugestivo do título, passeia por um verso provocativo, atiçando a própria linguagem, quase auto-ironia, propõe um nocaute nas aparências, na arrogância solene do mundo das letras, fazendo uso das próprias armadilhas deste. Depois, Paulo de Toledo, que é de Santos (SP), editor, poeta e seus ´51 Medicamentos´ (2007), espécies de anti-haikais, poética quase rabisco por onde transita um mendigo incômodo e provocador, inquilino anônimo do que se diz: cidade. Em 2008, a editora publicou o recente ´Passeios na floresta´, de Ademir Demarchi, que é paranaense, de escrita ágil, irônica, quase ingênua, carregando uma idéia de encantamento-desencantamento das coisas da floresta mundo. Por último, ´Camisa qual´, do cearense Cândido Rolim que, mesmo ainda fazendo uso de uma dicção bastante concisa, parece querer ampliar seu discurso, deslocando-se do teor epigramático e aforismático dos seus livros anteriores, mas sempre mantendo o caráter reflexivo de seus poemas que, com todos os rodeios, acabam retomando sua preocupação essencial, que é a possibilidade de dizer, falar, escrever, comunicar-se no mundo contemporâneo."
Trecho de artigo do poeta carlos augusto lima. A íntegra do texto encontra-se em:
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