Skip to main content

novos lançamentos da editora éblis

cecília borges, autora de dente de leão



A Editora Éblis (http://www.editoraeblis.com/) abre o ano de 2009 com dois lançamentos: Dente de leão, de Cecília Borges e Congo negro, do poeta norte-americano Vachel Lindsay.

Dente de leão é o sexto título da bem-sucedida coleção poesia e o segundo livro de Cecília Borges, mineira que reside no Rio de Janeiro. Trata-se de um conjunto de 25 poemas onde o feminino, por um viés felizmente auto-irônico, articula-se a partir de uma série de takes que alternam cenas intimistas e o cotidiano dos cenários urbanos, boêmios e litorâneos até, todos marcadamente cariocas. Cecília une tais cenas e cenários, mostrando-os como formas de linguagem de desejos, fracassos e pequenas vitórias formando e deformando um sujeito que ruma em direção à vida, mesmo quando esta não corre a seu favor, lembrando, neste ponto, a trilogia das cores de Krzysztof Kieslowski. Desvelando espaços da intimidade numa certa "crônica da vida privada", o sujeito poético que fala se deixa ver, instigando o voyeurismo de cada leitor, e se entrega a confissões nem sempre confiáveis, pois tudo é simulacro, já que "a vida é líquida/ bebida teor mil/ secreções na cama/ frases cuspidas entre fluidos/ feliz, a vida é água/ amanhã, a vida é sangue de dentro/ sometimes, sangue de fora/(...)".

Congo negro (o título original é The Congo – A Study of the Negro Race) é o poema mais significativo do poeta norte-americano Vachel Lindsay (1879-1931) e o primeiro título da coleção tradução da Editora Éblis. A intensidade rítmica do poema, que a tradução procurou, na medida do possível, recriar, faz dele uma peça poética para ser lida em voz alta, e quase cantada, ou até mesmo gritada, como queria Lindsay. Assim, sua inventividade está justamente em dar o corpo ao literário, fazendo as palavras do poema-partitura soarem pela boca do leitor, do mesmo modo que no revival pentecostal ou no encantamento vodu. Congo negro é, em certa medida, um poema fora do compasso do paladar contemporâneo. Congo negro trata-se de um poema “negrista”, isto é, um experimento eventual de linguagem no percurso textual do seu autor, como também o foram os “poemas negros”, de Raul Bopp, e “Essa Negra Fulô”, de Jorge de Lima, entre outros tantos. Como poema bom que é, Congo leva em seu bojo essas e outras contradições. Mas, as grandes obras de arte são o que são porque envelhecem naquilo em que podem envelhecer, deixando sempre a possibilidade de recriação, como se concretizou nesta primeira tradução para o português do poema de Lindsay, levada a efeito graças à inteligência e à sensibilidade de Luci Collin, professora de tradução e de literaturas de língua inglesa da UFPR, e também poeta e ficcionista.

LANÇAMENTO: Congo negro
16 DE ABRIL - PORTO ALEGRE - Palavraria, Rua Vasco da Gama, 165 - 19 horas

LANÇAMENTOS: Dente de leão
11 DE ABRIL - UBERLÂNDIA - Goma, Av. Floriano Peixoto, 12 - 20 horas
15 DE ABRIL - RIO DE JANEIRO - Cinemathèque , Rua Voluntários da Pátria, 53 - 19 horas
15 DE MAIO - PORTO ALEGRE - Palavraria, Rua Vasco da Gama, 165 - 19 horas

Comments

Judô e Poesia said…
Este é um blog muito aconchegante e acolhedor. Gostaria de saber onde encontrar os livros da editora por aqui. Abraços, Domingos.

Popular posts from this blog

nepotismo!

Amaralina Dinka, minha filha caçula de 11 anos, escreveu seu primeiro poema e me pediu para publicá-lo aqui no blog. Ela quer receber críticas e comentários. A MOCINHA FELIZ Eu acordei bem sapeca Parecendo uma peteca Fui direto pra cozinha Tomar meu café na caneca Na escola eu aprendi A multiplicar No recreio fui brincar Cheguei em casa Subi a escada Escorreguei, Caí no chão Mas não chorei Na hora de jantar Tomei meu chá Na minha janela Vi uma mulher tagarela.

Eduardo Costley-white e o sentimento de Moçambique

Eduardo Costley-white Conheci o poeta Eduardo Costley-white em São Paulo, se não me engano no ano de 1987, durante o I Encontro Internacional de Escritores Negros , governo Franco Montoro. Graças a esse acontecimento que não nos entediou de modo nenhum, mantivemos um contato diário ao longo de quase uma semana levando a cabo uma divertida troca de ideias e de poemas. De imediato me identifiquei com Eduardo e com Marcelo Panguana (outro grande escritor moçambicano da delegação), principalmente pelo fato de sermos da mesma geração. Hoje vejo nisso a razão pela qual não encontrei a mesma satisfação no contato com a delegação angolana que, não obstante ser composta por alguns poetas importantes (Manuel Rui e Ruy Duarte de Carvalho, por exemplo), era formada, grosso modo, por um pessoal de uma geração uns vinte anos mais velha do que a nossa. Como normalmente acontece, depois de encontros entusiasmantes e cheios de expectativas, o repentino afastamento é engolido pelo contínuo da

de lambuja, um poema traduzido

Ivy G. Wilson Ayo A. Coly Introduction Callaloo Volume 30, Number 2, Spring 2007 Special Issue: Callaloo and the Cultures and Letters of the Black Diaspora.To employ the term diaspora in black cultural studies now is equal parts imperative and elusive. In the wake of recent forceful critiques of nationalism, the diaspora has increasingly come to be understood as a concept—indeed, almost a discourse formation unto itself—that allows for, if not mandates, modes of analysis that are comparative, transnational, global in their perspective. And Callaloo, as a journal of African Diaspora arts and letters, might justly be understood to have a particular relationship to this mandate. For this special issue, we have tried to assemble pieces where the phrase diaspora can find little refuge as a self-reflexive term—a maneuver that seeks to destabilize the facile prefigurations of the word in our current critical vocabulary, where its invocation has too often become idiomatic. More critically, we