O editor tem a prerrogativa de aproveitar o espaço da orelha para vender o seu peixe. Afinal, trata-se também (mas não apenas) de um negócio, e é natural que não queira jogar grana pela janela. De outra parte, pessoalmente, acho que as orelhas deveriam ser assinadas. Alguém deve dar a cara à tapa. Quando este tipo de texto fica nas mãos do editor ou de algum dos seus subalternos, a perspectiva daquilo que deve ser adiantado ao leitor à respeito do livro entra na conta do apelo à compra-venda imediata, ou seja, o que está em jogo é convencer o leitor indeciso a abrir sua carteira, pois para o negociante desse segmento (como de qualquer outro), dinheiro bom é dinheiro que sai do bolso do leitor para se precipitar no seu.
Mas as duas pontas se atam num processo cuja circularidade não absolve nem condena nenhum dos lados. Afinal, orelhas que mais se assemelham a releases são produzidas em consideração a um leitor que aspira talvez sem a devida consciência a um monitoramento, a uma modelagem de tal ordem do seu desejo.
Mas as duas pontas se atam num processo cuja circularidade não absolve nem condena nenhum dos lados. Afinal, orelhas que mais se assemelham a releases são produzidas em consideração a um leitor que aspira talvez sem a devida consciência a um monitoramento, a uma modelagem de tal ordem do seu desejo.
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Cândido.