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Showing posts from March, 2012

augusto de campos e o fogo-amigo dos cortesãos

Alguém já disse que a expressão “poesia formalista” — usada como pecha — seria uma redundância, porquanto, poesia é forma, mesmo. Ou seja, no poema o que se entende por “conteúdo” não guarda em si nada daquela dimensão de “preenchimento com algo de profunda relevância”, já que ele, em fim de contas, resulta em uma função da forma ou em um elemento formal plástico como o pensamento – e nem menor, nem maior que outros – integrado, por sua vez, ao construto da obra. Por outro lado, a ideia de poesia comercial ou de uma forma lírica palatável à tolerância do leitor intolerante com o eventual f ine excess de tal linguagem, pode ser interpretada como uma contradição entre termos, já que em torno à área semântica do substantivo comércio , aprendemos a reconhecer, de modo figurado, a comunicação (de algo) e/ou a relação estreita entre pessoas. Mas, o poema trata-se de um hipossigno, vale dizer, ele não se refere senão a si mesmo. Esta ideia de poesia comercial pressupõe a projeçã

a 4 mãos

poemas a 4 mãos denise freitas e ronald augusto nervura do sossego onde engasto o desejo háptico se de-fenda enrodilhada cada retrocesso me força à ganâncias em retardo sugiro ainda sutileza – por inusitado que se perca – que gire sobre si mesma num acinte inessencial a sua hilaridade * a ver no escuro símile de odiosa deia de bolso resto sobre nova possibilidade de toda sorte sobrenada ao modo de recusa aresta para quase outro recurso sem farto proveito do contorno * fibrilações na extremidade da rama rasgo à margem do alvo discurso

o traficante de versos

Poema em quadras ao gosto popular composto de versos em redondilha menor (5 sílabas) de Guimarães Rosa. Até aí, tudo bem, pois ele também era poeta. A curiosidade é que Rosa deixou esse poemeto escondido ou dissimulado num parágrafo da novela “O burrinho pedrês”, incluída em Sagarana (1937). O romancista usa as vírgulas para indicar os cortes dos versos. Logo abaixo das estrofes desentranhadas por mim (imaginei essa disposição em quatro quartetos), o parágrafo tal como aparece na integridade textual da novela. As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudades dos campos, querência dos pastos de lá do sertão. “ As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugind