Alguém já disse que a expressão “poesia formalista” — usada como pecha — seria uma redundância, porquanto, poesia é forma, mesmo. Ou seja, no poema o que se entende por “conteúdo” não guarda em si nada daquela dimensão de “preenchimento com algo de profunda relevância”, já que ele, em fim de contas, resulta em uma função da forma ou em um elemento formal plástico como o pensamento – e nem menor, nem maior que outros – integrado, por sua vez, ao construto da obra. Por outro lado, a ideia de poesia comercial ou de uma forma lírica palatável à tolerância do leitor intolerante com o eventual f ine excess de tal linguagem, pode ser interpretada como uma contradição entre termos, já que em torno à área semântica do substantivo comércio , aprendemos a reconhecer, de modo figurado, a comunicação (de algo) e/ou a relação estreita entre pessoas. Mas, o poema trata-se de um hipossigno, vale dizer, ele não se refere senão a si mesmo. Esta ideia de poesia comercial pressupõe a projeçã
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista do site Sul21 https://www.sul21.com.br/editoria/colunas/ronald-augusto/