Poema
em quadras ao gosto popular composto de versos em redondilha menor (5
sílabas) de Guimarães Rosa. Até aí, tudo bem, pois ele também
era poeta. A curiosidade é que Rosa deixou esse poemeto escondido ou
dissimulado num parágrafo da novela “O burrinho pedrês”,
incluída em Sagarana (1937). O romancista usa as vírgulas
para indicar os cortes dos versos. Logo abaixo das estrofes
desentranhadas por mim (imaginei essa disposição em quatro
quartetos), o parágrafo tal como aparece na integridade textual da
novela.
As ancas
balançam,
e as vagas
de dorsos,
das vacas
e touros,
batendo
com as caudas,
mugindo no
meio,
na massa
embolada,
com
atritos de couros,
estralos
de guampas,
estrondos
e baques,
e o berro
queixoso
do gado
junqueira,
de chifres
imensos,
com muita
tristeza,
saudades
dos campos,
querência
dos pastos
de lá do
sertão.
“As
ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo
com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de
couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso
do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudades
dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...”
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