Todo branco tem um amigo negão que é gente finíssima, uma
simpatia e super divertido.
Negão é uma pessoa que sempre é chamada de “negão”, e esta
pessoa jamais será referida por qualquer outro nome como Pedro, João, Aires.
Parece não haver nome que grude à sua pele.
Todo negão tem vários amigos brancos que se orgulham de não
ser racistas, tanto que, numa boa, tratam o amigo negão referindo-se a ele
assim “o negão”. E ele não vê problema nenhum nisto.
Todo negão é um blackface.
Sua ginga é superestimada e inigualável. Todo negão está detido em si mesmo.
Todo negão quando volta para a sua quebrada encontra outros
idênticos a ele e todos entre si se tratam por “negão”.
Todo negão não pode deixar de ser negão. Quando esta essência
está em risco, sempre surge alguém para chamar sua atenção com a seguinte
frase: “ah, para com isso, negão!”.
Mussum é o negão que todo branco gostaria de ter a disposição
em sua casa para animar as festinhas. Quando éramos crianças o Sr. Renato
Aragão nos ensinou diversas acepções humilhantes contidas em “negão”.
O trocadilho segundo o qual “deve ser legal ser negão no
Senegal” é na verdade um epitáfio.
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