Depois da excessiva caridade interpretativa dispensada ao
gesto (tido e havido como antropofágico) de Daniel Alves e, de resto, a
contrapelo das motivações - segundo o próprio jogador -, casuais e quase evangélicas que o levaram a cometê-lo;
depois de o debate sobre o preconceito racial quase ter se
transformado num quadro do Zorra Total ou do Esquenta, graças à adesão festiva dos
macacos brancos, tanto os célebres, como
os não célebres, à estúpida hashtag;
depois de o cinismo ideológico da atitude classe média apresentar
a devoração da banana como um gesto superior às denúncias e aos discursos
contra o racismo (já que estes teriam se tornado monótonos), por ser inovador e
não indicar mácula de irritação, mas, sim, de maturidade e de espírito transcendente;
depois de o torcedor-quem do Villareal, autor do ato contra o
jogador Daniel Alves, ter sido exemplarmente punido (seus ingressos para a
temporada foram suspensos e seu acesso ao Estádio El Madrigal foi
permanentemente proibido: nossa!);
depois...
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