Skip to main content

último refúgio





o patriotismo da redução da maioridade penal

porque o patriotismo da cura gay
o patriotismo separatista do gaúcho fanfarrão
porque o patriotismo do livre mercado
o patriotismo anticotas raciais
porque o patriotismo das tvs abertas
o patriotismo da claudia leite

o patriotismo do jornal e o do jornalismo que
disputam o qualificativo “barato”
na esperança de falar ao desejo do leitor

porque o patriotismo do esquenta
o patriotismo do punho cerrado
porque o patriotismo do linchamento
o patriotismo da esquerda
porque o patriotismo da direita
o patriotismo das celebridades indignadas
porque o patriotismo da malandragem brasileira

o patriotismo que na busca pela rapidez e pela precisão
força a catalogação de cada palavra
na faixa mais estreita de seu significado

o patriotismo da igreja
porque o patriotismo dos evangélicos
o patriotismo dos black blocs
porque o patriotismo dos sindicatos
o patriotismo da miséria
porque o patriotismo do gari-passista
o patriotismo da jovem-guarda
porque o patriotismo da tropicália
o patriotismo do tom zé

o patriotismo sensível aos suspiros da mulher
e à cortesia de fachada do homem

porque o patriotismo dos facefriends
o patriotismo do pelé
porque o patriotismo do fogo amigo
o patriotismo do juiz japonês
porque o patriotismo do juiz negro
o patriotismo dos que cospem no juiz negro

o patriotismo que não gostou e acabou por
queimar todos os livros que não leu

porque o patriotismo do hino cantado à capela
o patriotismo da nona
porque o patriotismo da mãe de santo
o patriotismo do jorge ben
porque o patriotismo abençoado por deus

o patriotismo que diante de um texto substitui
todos as ocorrências da palavra sagacidade
por esperteza

o patriotismo da menoridade
porque o patriotismo do camarote
o patriotismo da banana engolida em gramado europeu

o patriotismo
porque o patriotismo
o patriotismo

que copula com as vossas crenças

Comments

Popular posts from this blog

nepotismo!

Amaralina Dinka, minha filha caçula de 11 anos, escreveu seu primeiro poema e me pediu para publicá-lo aqui no blog. Ela quer receber críticas e comentários. A MOCINHA FELIZ Eu acordei bem sapeca Parecendo uma peteca Fui direto pra cozinha Tomar meu café na caneca Na escola eu aprendi A multiplicar No recreio fui brincar Cheguei em casa Subi a escada Escorreguei, Caí no chão Mas não chorei Na hora de jantar Tomei meu chá Na minha janela Vi uma mulher tagarela.

Eduardo Costley-white e o sentimento de Moçambique

Eduardo Costley-white Conheci o poeta Eduardo Costley-white em São Paulo, se não me engano no ano de 1987, durante o I Encontro Internacional de Escritores Negros , governo Franco Montoro. Graças a esse acontecimento que não nos entediou de modo nenhum, mantivemos um contato diário ao longo de quase uma semana levando a cabo uma divertida troca de ideias e de poemas. De imediato me identifiquei com Eduardo e com Marcelo Panguana (outro grande escritor moçambicano da delegação), principalmente pelo fato de sermos da mesma geração. Hoje vejo nisso a razão pela qual não encontrei a mesma satisfação no contato com a delegação angolana que, não obstante ser composta por alguns poetas importantes (Manuel Rui e Ruy Duarte de Carvalho, por exemplo), era formada, grosso modo, por um pessoal de uma geração uns vinte anos mais velha do que a nossa. Como normalmente acontece, depois de encontros entusiasmantes e cheios de expectativas, o repentino afastamento é engolido pelo contínuo da

de lambuja, um poema traduzido

Ivy G. Wilson Ayo A. Coly Introduction Callaloo Volume 30, Number 2, Spring 2007 Special Issue: Callaloo and the Cultures and Letters of the Black Diaspora.To employ the term diaspora in black cultural studies now is equal parts imperative and elusive. In the wake of recent forceful critiques of nationalism, the diaspora has increasingly come to be understood as a concept—indeed, almost a discourse formation unto itself—that allows for, if not mandates, modes of analysis that are comparative, transnational, global in their perspective. And Callaloo, as a journal of African Diaspora arts and letters, might justly be understood to have a particular relationship to this mandate. For this special issue, we have tried to assemble pieces where the phrase diaspora can find little refuge as a self-reflexive term—a maneuver that seeks to destabilize the facile prefigurations of the word in our current critical vocabulary, where its invocation has too often become idiomatic. More critically, we