há
metafísica bastante em não pensar em nada
exceto
em um poema
esse
na página menos à maneira de um relevo
diagramático
do mundo do que na figura
de
uma lista de afazeres inconclusos
relativos
à vida teorética ou contemplativa
soprada
pela vida ativa ou, a bem dizer, prática
metal de ricardo silvestrin
livro
que serve de ser agora sob
o
jugo de minha leitura aproximativa (deriva semântica)
a
sensação de um inteiro reiterar-se em poema que vai
se
dizendo de muitos modos (evocando traço aristotélico)
mas
contente de arriscar-se no que risca
o
fósforo de uma imagem-pensamento
que
se projeta em presença sonora
metal o fio do logos ameno
filosofal
mas naquela medida em que
o
sujeito é filosofal porque sabe até onde pode ir
molhando
a palavra ao mesmo tempo em que
abandona
o terreno conquistado
às
vezes também uma recusa (espécie de
cesura)
em ser amásio da sabedoria
por
isso o esbarro seco de muitos poemas
um
desvio
uns
desfechos negaceados com os quais o leitor tem de se haver
caso
se disponha a atravessar umas trevas risonhas, isto é,
nesse
entender-se enquanto sonha
metal
metafísico
a
pessoa do poeta
duro
dúctil em
divina
jornada por via de jornal íntimo
(Gamboa,
03 e 04 de fevereiro de 2015)
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