A poesia não
existe, o que existe é a obra do poeta. Seu percurso poético-textual; seus
poemas. Quando pensamos em poesia devemos pensar na linguagem de alguns poetas.
Isso sim é verificável. A ideia ingênua ou romântica de poesia, isto é, a
poesia antes do poema (forma verbal), é que está na base dos nossos primeiros
exercícios poéticos: quando começamos a escrever tentando imitar uma imagem
consagrada de poesia (que se aproxima do escrever bonito que lança mão de
frases excessivamente adjetivadas e que são quase que o decalque das nossas
emoções).
Por outro
lado, mesmo o poema, esse objeto verbal que visa a um efeito estético e a uma
deriva semântica, não é um vaso sacrossanto que guarda, como num passe de
mágica, o fugidio instante poético; o poema, segundo Octavio Paz, é essa
máscara que oculta o vazio, em outras palavras, o poema é linguagem. Toda a
aventura da criação poética, todas aquelas definições que nutrimos a respeito
do fenômeno poético devem ser testadas por via da linguagem. Tudo se dá, inapelavelmente,
na superfície e no interior da linguagem.
Então o
conhecimento da poesia é o conhecimento dos poetas (não da vida deles), de seus
poemas. Dos êxitos e dos fracassos de linguagem levados a efeito por eles.
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