o
poeta que canta “a mulher isso a mulher aquilo”
eu
deveria dizer o homem que goza do privilégio
de
cantar “a mulher isso a mulher aquilo”
esse
mesmo que, preclaro em sua condição de lobo bobo, se autoproclama
um
degustador e entusiasta do vinho fino do corpo feminino
como
se o conhecera como a palma de sua mão de punheteiro
aquele
mesmo cujas metáforas gineco-anacreônticas
substituem
por rebaixamento “a mulher isso a mulher aquilo”
que
ele imagina cantar como ninguém, comer como ninguém
o
decrépito que faz publicidade “a mulher isso a mulher aquilo” desses corpos
esse
um uma espécie de cafetão e mentor do estupro edulcorado
essa
coisa que as minas já calculam de longe a merda que vai dar
tão
logo o traste trasteje “a mulher isso a mulher aquilo”
toada
de toureiro calvo e renitente cuja arte perdeu o sentido
para
muitas e para outros exceto para ele mesmo
abandona
o canto a esse corpo que não te pertence
o
erotismo de trocadilho, o estilo vinicius, a saliva
essa
coisa toda que até agora só tem dado merda
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