o poeta ronald augusto
no encalço veloz de arnaldo xavier
exu-mado
sacou na paliçada palindrômica
intransponível
m u r o
o r u m
o que não impediu de ver
no poeta sorte de coisa
para exorbitar das
cercas
mais agora que constato o augusto
poeta (não ao gosto)
por cima de visual palindromuro
colhe um corpo em seta
ressetado em plena
descida pânica ao
mundo ínfero
e não é que bem ali
neste lado solar do mundo a esperta
mão desconhecida anônima anomalia
bem nos beiços da sensatez
condominial da aldeota
cravou no muro sagaz
ogum-seta
tá ali pra quem vê
o grifo sagital
diagrama ofídico insidioso
o nome - poeta - agudizado
alvo disparado contra o
próprio olho
na revoada grafitada informe
do muro o piche pixel
note o sutil tridente in-verso
signo esgarçado um pouco acima do
lixo reciclável
firula poetizável
de insigniosos senhores destacáveis
(geralmente um
seleto grupo de eufêmicos
inda mais quando predicam
faça poesia sem sair de casa)
não chega aos pés dessa
sépia anarca
exímia defecção
se não divulga ali o
sensível uso burocrático do
verso apropriado à
aldeia nobre
notório verso vacum de tipo alinhado
um pouco acima do lixo
ratoneira algaravia
inscreve ao léu a calda serpe
através do nome - poema
precário índice de alvo
sem centro
de um só lance
- esnobação do verbo paria -
que fique claro o rastro
ambíguo a olhos e mentes
adaptados ao gosto
de sua época
queda para cima
nenhum mundo transcrito por
rico silabário
a fuligem bárbara deu conta do que tinha
eu na telha um signo-seta
adequado a uma discrepância
indigente
mero fuliginoso arabesco de um
bando urbano
mera peripécia - vá lá!
arranjo da sorte sem sujeito
mas tá lá o acerto
saliência
- poeta -
para quem e quem não quiser ver
signo-fissura que a
mão anônima grafou
com dessimetria mestra
evitaria por ora fabular
que um poeta persona
índice de retardatária aura gótica
esteve ali
para mim basta o espelhismo remoto
luciferino jogo de setas
diante do surdo
orumuro
(Cândido Rolim)
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