O fragmento no interior da colagem: um discurso constituído de sobras, aparas, restos. Esses signos são ressemantizados em uma nova perspectiva de sentido que é a colegam enquanto obra de arte, linguagem.
A partir de alguns elementos provenientes das vanguardas do início do século 20, pode-se enumerar traços da estética do fragmento: a) sintaxe despojada; b) uma prática de cortes indiferente às questões de métricas; c) pontuação livre; d) imaginação sem fios (a relação entre as partes/seções do poema não são explícitas ou evidentes); e) a dimensão espacial/visual na consideração e na composição do poema.
O poeta do fragmento se entrega à deriva das próprias imaginações num apetite quase oriental no que toca à maneira de compor o poema, ou seja, no fragmento importa mais o vazio, a lacuna, o intervalo, em última palavra, há o investimento na relação equívoca entre as partes do poema.
“A arte e a poesia Zen criam envolvimento por meio do intervalo, não pela conexão (...) O espectador torna-se artista na arte oriental porque ele deve suprir todas as conexões”. (Marshal McLuhan).
Mas essa participação ativa do fruidor só se efetiva naquelas obras onde predominam formas não-lineares e não discursivas.
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