arroio frio
à primeira hora da tarde
após o almoço consanguineo (
arroz abóbora
cerveja)
exsurgidos de madrugada esbranquiçada
(espólio de cobertas)
arroio arrabalde
casario liliputiano sob o desbaste do tempo
não obstante vozes-pipilar e
pelotas de meninos
chutadas contra a parede
do vizinho da frente
arroio sem porvenir
passado à régua de madeira
réstia de canseira
de meados do século passado
arroio com quem reparto
o extrato mimoso de minha
abissínia
arroio grande, 28 de abril de 2012
desarrumado comigo mais essa feita
o mesmo inimigo ego (egum) scriptor
empregando forças velhacas formas
em velhusca tristura (ainda
mancebamente aquilina)
na escuma no charque de mim
orim nem raro nem claro
isóscele orim ruim cujas narinas
já farejam gracejam as ruínas do orum
orim surdo insúdito à arenga horaciana
toupeira rente à tópica latina
invitação ao vinho à viagem
à socapa do mapa da parolagem
*
um mês inteiro de olmos
e feixes de e-mails
desenho que se embebesse
de tempo em seu rebojo
e o friúme aquém-nome
sem apelar ao chuvisco
deste lado do silêncio
úmido de escuridade
átona espora de galo
desfeita a madrugada
arroio grande, 29 de abril de 2012
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