Quando
o mundo branco se põe a fazer elogios desmedidos a respeito do trabalho ou da
personalidade de um negro, sempre me preparo para o pior. Por favor, não me
venham falar em baixa estima, que estou na defensiva e tudo mais. O furo aqui é
bem mais embaixo. Segundo Friedrich Nietzsche “o comentário demasiadamente
elogioso produz mais indiscrições que a censura”. As louvações, neste caso, têm
fundo culposo; se efetivam sem que
possamos lhes prever as conseqüências. Desvelam a imprudente face do
preconceito. Para compensar toda uma série de episódios aniquiladores do ânimo
de muitas personalidades negras fundamentais para a nossa cultura, o senso
comum carrega nas tintas da apologia purgativa sobre aqueles que parecem ter
vivido vidas que poderiam ter sido, mas que não foram. Parodiando o adágio
relativo à vingança, pode-se dizer que tal espécie de elogio é um prato que se
oferece frio ao seu maior interessado. Por essa razão, Cruz e Sousa é o Dante
negro; Leônidas da Silva, o Diamante Negro, Elizeth é a Divina, e assim por
diante.
Amaralina Dinka, minha filha caçula de 11 anos, escreveu seu primeiro poema e me pediu para publicá-lo aqui no blog. Ela quer receber críticas e comentários. A MOCINHA FELIZ Eu acordei bem sapeca Parecendo uma peteca Fui direto pra cozinha Tomar meu café na caneca Na escola eu aprendi A multiplicar No recreio fui brincar Cheguei em casa Subi a escada Escorreguei, Caí no chão Mas não chorei Na hora de jantar Tomei meu chá Na minha janela Vi uma mulher tagarela.
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