patrícia, a prosa nervosa de carne falsa . às vezes esse convite à colaboração do leitor. mas depois, caso esse mesmo leitor ninguém se recuse ao desafio, a autora dá-lhe um piparote. portanto, uma hostilidade enviesada na construção do texto, uns trancos inesperados, umas minúsculas emboscadas no logos da narrativa, uns cortes mallarmaicos que revelam espaços gráficos. os eles e elas , mesmo que mais ou menos prototípicos, se esfacelam em vaginas, sêmen, calcinha, gastrites, prédios acesos no escuro estelar, habitáculos do absurdo. e às vezes deparamos o epos resolvido numa linha que se rompe, de repente, contra a brancura da página, um respiro. esses contos de uma linha não merecem o nome de minicontos, são o acento átono, a pausa a contrapelo da redundância novelística, contra a qual patrícia investe. e o eu de sua prosa, a voz lírica, lúbrica, é mais a presentificação no solo duro da linguagem do solilóquio de um ego scriptor do que