A afirmação segundo a
qual a literatura se esgotou ou se resolve, hoje, nessa trama de
reconhecimentos recíprocos do facebook, me parece uma generalização indevida;
trata-se de afirmação recorrente (o genérico da aposta em um quadro de falência
de algo) que agora dá as caras mais uma vez e, como de hábito, costumizada aqui
e ali. Felizmente, a literatura é coisa muito mais complexa. Sou da opinião,
inclusive, de que ela não se confunde nem com o mercado editorial, nem com as
redes sociais. Podemos estabelecer relações entre essas realidades, podemos até
mesmo sucumbir circunstancialmente diante de certo estado de coisas, mas tanto
o mercado, como o facebook, são segundos em relação à literatura. Isto é, devem
ou deveriam ser coadjuvantes no processo. Na década de 1950 os poetas concretos
(ou ao menos três deles) deram por encerrado “o ciclo histórico do verso”.
Recentemente alguém decretou o fim da história. Alguns artistas e/ou fast thinkers têm essa mania de tentar
projetar seus próprios dilemas (ou aquilo que diz respeito apenas à sua
perplexidade mais íntima) no quadro espiritual do tempo em que vivem. Fecha a
conta e passemos à próxima questão.
por uma literatura de várzea por uma literatura lavada de notas de pé de página por uma literatura sem seguidores por uma literatura não endogâmica por uma literatura infiel à realidade por uma literatura impertinente por uma literatura não poética por uma literatura que não capitule à noção de "obra", acúmulo de feitos por uma literatura que não seja o corolário de oficinas de escrita criativa por uma literatura que não sucumba à chapa de que o menos é mais por uma literatura desobediente ao mercado livreiro-editorial por uma literatura imprudente por uma literatura sem cacoetes, isto é, o oposto do que faz mia couto por uma literatura que não se confunda com o ativismo de facebook por uma literatura que não seja imprescindível por uma literatura sem literatos por uma literatura, como disse uma vez lezama, livre dos tarados protetores das letras por uma literatura sem mediadores de leitura por uma literatura não inspirada em filósofos fr...
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