A afirmação segundo a
qual a literatura se esgotou ou se resolve, hoje, nessa trama de
reconhecimentos recíprocos do facebook, me parece uma generalização indevida;
trata-se de afirmação recorrente (o genérico da aposta em um quadro de falência
de algo) que agora dá as caras mais uma vez e, como de hábito, costumizada aqui
e ali. Felizmente, a literatura é coisa muito mais complexa. Sou da opinião,
inclusive, de que ela não se confunde nem com o mercado editorial, nem com as
redes sociais. Podemos estabelecer relações entre essas realidades, podemos até
mesmo sucumbir circunstancialmente diante de certo estado de coisas, mas tanto
o mercado, como o facebook, são segundos em relação à literatura. Isto é, devem
ou deveriam ser coadjuvantes no processo. Na década de 1950 os poetas concretos
(ou ao menos três deles) deram por encerrado “o ciclo histórico do verso”.
Recentemente alguém decretou o fim da história. Alguns artistas e/ou fast thinkers têm essa mania de tentar
projetar seus próprios dilemas (ou aquilo que diz respeito apenas à sua
perplexidade mais íntima) no quadro espiritual do tempo em que vivem. Fecha a
conta e passemos à próxima questão.
Amaralina Dinka, minha filha caçula de 11 anos, escreveu seu primeiro poema e me pediu para publicá-lo aqui no blog. Ela quer receber críticas e comentários. A MOCINHA FELIZ Eu acordei bem sapeca Parecendo uma peteca Fui direto pra cozinha Tomar meu café na caneca Na escola eu aprendi A multiplicar No recreio fui brincar Cheguei em casa Subi a escada Escorreguei, Caí no chão Mas não chorei Na hora de jantar Tomei meu chá Na minha janela Vi uma mulher tagarela.
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