giacomo joyce, r. a.
A invenção da escrita cursiva, a par da derrocada do mundo heróico, sepultou a poesia cantada. O espaço público, solidário e consensual, reflui para a imprecisão da subjetividade lírica. O leitor mudo encena a sua tragédia no quadrículo resumido da página manuscrita, ou impressa. O sermão dá passagem à confissão. Um parêntese, ou um breve desvio: para usar uma metáfora resgatada ao campo da música, poderíamos dizer que a voz empostada se converte no canto à boca pequena da bossa nova; fecho-o. Mallarmé, no século19, já diz que tudo, mais cedo ou mais tarde, acaba num livro. Em literatura, toda teatralidade se rarefaz. O seu lado avesso esconde nada, e essa formulação também poderia servir de imagem ao poema como escritura-figura que se imprime no papel.
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