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Showing posts from December, 2014

A justaposição de vozes dramáticas em Arrastão e outros poemas

O poeta, já há algum tempo, vem experimentando a realização do que eu chamo de “poema-livro” ou, em outras palavras, Marlon vem exercitando o poema longo em parcelas, seu foco compositivo vai a contrapelo da mera reunião de poemas sem um fio condutor. Isto é, Arrastão e outros poemas é um livro de poemas com um “tema de fundo” ou com uma invariante discursiva, coisa nada comum no acervo das obras poéticas de nossa tradição. Além disso, o conjunto apresenta variedade de ritmos e cadências: formas breves, versos cuja síntese alude ao linguajar popular e à estética da letra de canção. A simplicidade de alguns poemas é enganosa, pois ela tem o caráter do dramático. Neste sentido, não é o poeta quem fala através de uma máscara, mas a própria persona assume o primeiro plano como esse ser de linguagem que se desvela nos atos rítmicos e imagéticos da cena. O narrado e sua escassez são apresentados por Marlon de Almeida apenas na figuração dos momentos-metáforas mais intensos, c

Armindo Trevisan: a poesia nua diante de seus celibatários

Armindo Trevisan, com Adega imaginária , seu mais recente conjunto de poemas, segue mantendo retesado o arco da lira. Por essa razão sua poesia permanece contemporânea, isto é, ela não tem essa propriedade tão só porque está sendo feita agora, não é acidentalmente contemporânea, mas, antes, essencialmente contemporânea, porque Armindo Trevisan atualiza e redimensiona no presente as tradições, as formas e os temas caros aos poetas de sua geração. Ao mesmo tempo oferece à poesia mais jovem um tom filosofal e especulativo, coisa que se relaciona intrinsecamente à sua condição de lúcido homem velho, de poeta velho, mas que, ao modo anacreôntico, envelhece e continua amando. Trevisan aprendeu que o poema quer ser amado, mais do que decodificado. Adega imaginária evoca reflexões estéticas e metafísicas, sem deixar de lado o amor dos cinco sentidos. E tudo isso por meio de uma linguagem que depura a metáfora (recurso importante para Trevisan) a seus elementos essenc