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Showing posts from 2009

poemas de verão

http://palavraria.wordpress.com/ Abertas as inscrições para a oficina Linguagem: o lugar da poesia com Ronald Augusto 5 encontros: 06, 13, 20 e 27 de janeiro e 03 de fevereiro de 2010, sempre às quartas, das 19 às 21h Informações & Inscrições: Com Ronald Augusto, dacostara@gmail.com Trata-se de uma oficina composta por experimentos práticos, onde os participantes escrevem e lêem seus textos o tempo todo, estabelecendo um ambiente de interlocução entre lúcido e lúdico, um jogo de interpretações e de trocas constantes, sem formalidades ou hierarquizações. Nos encontros serão feitas leituras recíprocas entremeadas por conceitos da função poética da linguagem. O objetivo é despertar o olhar crítico-criativo do escritor para a ideia de que existe uma arte da palavra que envolve tanto a poesia como formas menos comerciais de prosa. As referências são variadas, de Manuel Bandeira a Clarice Lispector, passando pela poesia concreta e Ferreira Gullar, chegando até os escritores contemporâneo

lau siqueira comenta o novo CD dos poETs

Confesso que me surpreendi muito positivamente com a capacidade dos caras em unir qualidade e swing pop em um CD que é pop, mas também é rock, também é MPG (Música Popular Gaúcha)... Como se tudo fosse fruto de uma Milonga tocada por Hendrix. Poesia é isso? Penso que é (também). Afinal, poesia é música. (E, como diria Décio Pignatari, algum gênero das artes plásticas.) Certamente que pautados antropológica e antropofagicamente pelos Beatles e por Manuel Bandeira, os PoETs passam a figurar no cenário musical brasileiro como expressão do que pode ser ouvido em Alegrete-RS ou Santarém-PA, com o mesmo nível de sedução do público e de instigação positiva do ouvido mais apurado, mais crítico. Há uma enorme complexidade em um trabalho, aparentemente, simples. Já participei da produção de grandes eventos, com artistas de calibre. Sempre me interessou muito mais as reações do público, nestes casos. Em relação aos PoETs, vejo que prepondera a capacidade de comunicação das letras e a beleza das m

noone

vida contemplativa

O cinema mudo estabeleceu a pedra mais filosofal que fundamental da gramática cinematográfica calcada na narrativa visual. Para Alfred Hichtcock (acima, fotograma de um dos seus filmes) o exemplo de cinema ruim seria o filme que mostra personagens falando, ao contrário do cinema bom, que seria aquele em que vemos os personagens pensando.

para sair do brejo

esboço para uma futura resenha

O editor tem a prerrogativa de aproveitar o espaço da orelha para vender o seu peixe. Afinal, trata-se também (mas não apenas) de um negócio, e é natural que não queira jogar grana pela janela. De outra parte, pessoalmente, acho que as orelhas deveriam ser assinadas. Alguém deve dar a cara à tapa. Quando este tipo de texto fica nas mãos do editor ou de algum dos seus subalternos, a perspectiva daquilo que deve ser adiantado ao leitor à respeito do livro entra na conta do apelo à compra-venda imediata, ou seja, o que está em jogo é convencer o leitor indeciso a abrir sua carteira, pois para o negociante desse segmento (como de qualquer outro), dinheiro bom é dinheiro que sai do bolso do leitor para se precipitar no seu. Mas as duas pontas se atam num processo cuja circularidade não absolve nem condena nenhum dos lados. Afinal, orelhas que mais se assemelham a releases são produzidas em consideração a um leitor que aspira talvez sem a devida consciência a um monitoramento, a uma modelage

para aumentar o repertório e o desempenho

De 05/11 a 17/12/2009 Oficina de criação poética com Ronald Augusto Inicia no dia 05 de novembro a oficina de criação poética com o escritor Ronald Augusto. Os encontros acontecerão semanalmente, sempre às quintas-feiras, das 19h às 21h. Serão abordados conceitos e apresentadas propostas para aumentar o repertório e o desempenho da escrita criativa. Além de reforçar o valor da literatura como forma de ampliar a subjetividade e divulgar a riqueza da produção literária brasileira, a atividade pretende auxiliar os participantes a identificar no interior do poema (ou do texto) os elementos da função poética da linguagem. Ou seja, a ler, na obra literária, o que está de fato escrito desde um ponto de vista de forma-e-f

questões relativas à editora éblis

ronald(o) - Como a maioria dos escritores chegam até a Éblis? (Eles enviam os originais ou a editora os encontra?) Nos últimos tempos, devido à visibilidade da editora (histórico dos lançamentos, website, etc.), muitos autores pretendentes têm nos procurado. Sempre solicitamos aos interessados em publicar pela Éblis, o envio de uns 5 poemas para analisarmos o estágio criativo em que se encontra a linguagem deles, a partir desta amostra é que tomamos a nossa decisão. Infelizmente, até agora, ainda não recebemos nada que nos entusiasmasse. Todos os poetas que publicamos vinham sendo acompanhados por mim e pelo Ronaldo, já admirávamos o percurso textual deles. O editor é uma espécie de “olheiro”. - Quais são os critérios para escolher quem será publicado? (O que os leitores querem ler; como está a qualidade literária da nova geração) As demandas desse internauta-leitor preguiçoso da contemporaneidade não nos interessam. Não somos facilitadores de nada. Nossos critérios são os mesmos de

os poETs novo CD

diz trair a tradição

A tradição poética pode ser interpretada como uma infinitude de vozes em atrito que, em fim de contas ou a certa distância, resulta em harmonia, ou melhor: sugere uma coesão dinâmica onde verticalizações sincrônicas restauram o acervo da diacronia para as contingências do agora-agora. Cada poeta ou movimento, na conciliação de suas contradições, representa, portanto, um duplo abreviado de semelhante tradição. Qualquer experiência de linguagem é sempre irredutível e dura em seu centro, nenhuma delas se deixa comparar com facilidade. Mas, o mais das vezes, alguns dos seus funcionários — aqueles que só trabalham em benefício de si próprios — se esforçam em fazer com que elas se aniquilem umas às outras. Pois, cada poeta com sua obra se refere sem reservas (seja como continuação, seja como ruptura) à tradição, e não raro a reivindica apenas para si (seja como seu crítico, seja como seu guarda-costas). Do mesmo modo, jamais conseguirá admitir sua partilha sem anular-se. Entretanto, esse poe

em defesa da arte

by augusto de campos leda tenório da motta Leda Tenório da Motta rebate crítica de Sergio Miceli que, com quase 25 anos de atraso, reprisa as censuras feitas por Roberto Schwarz ao poema “pós-tudo” de Augusto de Campos. A seguir, alguns trechos do excelente artigo, cuja íntegra se encontra em: http://sibila.com.br/index.php/critica/722-literatura-sociedade-e-cinismo-em-sergio-miceli “ De fato, é preciso um grau a mais de inadvertência em poética para escrever, como Miceli escreve, que Max Bense já não nos deveria interessar agora que o concretismo “está em baixa”. Um movimento estético em baixa? Que maneira é essa de falar? Estaria o autor de A noite da madrinha – livro reputado entre comunicólogos sociais, que versa sobre programas de auditório – importando diretamente das mídias padrões de medição? Se essa rudeza no trato vem a calhar, porque dá testemunho das possibilidades do crítico, nem por isso nos dispensamos de corrigir o que é também uma falha de informaçã

signos transatlânticos

prisca agustoni e eu, juiz de fora, 2008 Doutoranda em Letras da PUC Minas, Prisca Rita Augustoni de Almeida Pereira foi premiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação (MEC), pela melhor tese na área de Letras / Lingüística do País. O trabalho é intitulado Atlântico em movimento: travessia, trânsito e transferência de signos entre África e Brasil na poesia contemporânea em língua portuguesa. O Prêmio Capes de Tese 2008 será entregue no dia 22 de julho, em Brasília. O Prêmio Capes de Tese concede, desde 2005, distinção às melhores teses de doutorado defendidas e aprovadas nos cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC) de todo o País, considerando-se os critérios de qualidade e originalidade. O trabalho é selecionado em cada uma das áreas de conhecimento. Sob a orientação da professora Maria Nazareth Soares Fonseca, o trabalho baseou-se nos signos simbólicos que foram trazidos pelos africanos para o “Novo Mund

um lance de baudelaire

baudelaire, charles, 1821-1867 Do observatório de sua mansarda, Baudelaire estreita a modernidade em suas mãos. Sobre o vazio papel defendido pela brancura, ele exercita a sós e ao mesmo tempo embebido dos estereótipos da rua (pois será preciso tropicar “sur les mots comme sur les pavês” para que suas alegorias se tornem menos rarefeitas), o mundo da sua linguagem que, não obstante seja crítica com relação aos discursos cobertos de “pátina poética”, simula evadir-se enquanto tenta recusar a linguagem tumultuária, “le bric-à-brac confus”, de um mundo de passagens, prosaico e derrisório que, a contrapelo, encontra nele o seu maior tradutor e comentarista: Je ne vois qu’en esprit tout ce camp de baraques, Ces tas de chapiteaux ébauchés et de fûts, Les herbes, les gros blocs verdis par l’eau des flaques, Et, brillant aux carreux, le bric-à-brac confus. (...) Paris change! mais rien dans ma mélancolie N’a bougé! palais neufs, échafaudages, blocs, Vieux faubourgs, tout pour moi devient allég

um poema visual

kânhamo, 1987

dois poemas de manuel bandeira

O bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. No poema “O bicho”, Manuel Bandeira recorta a silhueta de um bicho “Na imundície do pátio/ Catando comida entre os detritos”. Num exame mais cerrado, descarnado de qualificativos poeticamente corretos, o poeta começa a ajustar o foco da sua máquina verbal de produzir efeitos, e numa progressão de enquadramentos, partindo desde o mais difuso até o mais nítido e duro, nota que “O bicho não era um cão,/ Não era um gato,/ Não era um rato.” O desenlace do poema, que não chega a surpreender - acho inclusive que essa possibilidade nem é a que mais interessa a Manuel Bandeira -, nos diz que o bicho “era um homem”, ou que o bicho fora um homem. Com efeito, o poeta não se surpreende com tal metamorfose regressiva (notar a degrada

não é bem poesia, mas tudo bem

foto: daniela montano letra de música não é bem poesia. sempre lanço mão de uma comparação para tentar clarificar minha opinião a respeito do assunto (mas sei que ao fim e ao cabo a recepção é que terá a última palavra sobre o que quer que seja, e, ultimamente, como a hibridação é uma vaga avassaladora a levar e lavar tudo de roldão, é natural aceitar que a poesia tenha se deixado seqüestrar pela mpb e seus devotos, além disso, os poetas se sentem desinflados porque sua visibilidade está longe daquela experimentada pelos compositores populares...), continuando, a comparação é a seguinte: a poesia está para a letra de música (palavra voando e inextrincável da melodia) assim como o teatro está para o cinema. é inegável que há um parentesco entre essas formas artísticas, mas cada uma tem a sua semiótica. elas se encontram (em algum lugar), mas não se confundem. agora, para encerrar de um modo bem tosco o que, a rigor, mal começou: acho que os poetas, de uns tempos para cá, começar

novos lançamentos da editora éblis

cecília borges, autora de dente de leão A Editora Éblis ( http://www.editoraeblis.com/ ) abre o ano de 2009 com dois lançamentos: Dente de leão, de Cecília Borges e Congo negro, do poeta norte-americano Vachel Lindsay. Dente de leão é o sexto título da bem-sucedida coleção poesia e o segundo livro de Cecília Borges, mineira que reside no Rio de Janeiro. Trata-se de um conjunto de 25 poemas onde o feminino, por um viés felizmente auto-irônico, articula-se a partir de uma série de takes que alternam cenas intimistas e o cotidiano dos cenários urbanos, boêmios e litorâneos até, todos marcadamente cariocas. Cecília une tais cenas e cenários, mostrando-os como formas de linguagem de desejos, fracassos e pequenas vitórias formando e deformando um sujeito que ruma em direção à vida, mesmo quando esta não corre a seu favor, lembrando, neste ponto, a trilogia das cores de Krzysztof Kieslowski. Desvelando espaços da intimidade numa certa "crônica da vida privada", o sujeito poético que

um chamado aos imprecisos

Abertas as inscrições para o curso/oficina de poesia "A PRECISÃO DO IMPRECISO", Módulo 1, 2009, com Ronald Augusto. A partir de 07 de Abril de 2009, terças-feiras, das 19 às 21h, na Palavraria – Livraria-Café. Ronald Augusto dá continuidade à oficina de poesia cujas quatro últimas edições renderam grandes diálogos e poemas surpreendentes a partir dos exercícios propostos. A dinâmica da oficina permanece a mesma, ou seja, ao longo de 10 encontros semanais, os participantes trocam impressões exercitando a leitura crítica e a fruição estética, num corpo-a-corpo dialógico acerca da produção individual e das soluções de linguagem dos seus pares. Na análise dos experimentos dos participantes da oficina, Ronald Augusto aplicará conceitos como: função poética da linguagem, hermenêutica, semiótica, versificação tradicional e livre, etc. Em outras palavras, no exercício mesmo da leitura de prazer, os alunos se familiarizarão com noções fundamentais da arte da poesia.

a indisciplina do leitor-colaborador

a leitura criativa, "a lápis", de esboço e estudo, interessada e interessante, realmente re-inventa o texto de partida, inclusive no aspecto sintático. re-inventa-o no sentido em que ele é proposto noutros termos no eco ou no oco da algaravia do intelecto do leitor, "lugar" produtivo da réplica futura. se o como e o-que-dizer são inextrincáveis, então, quando a leitura "indisciplinada" desentranha uma pluralidade de sentidos, também traz à tona diferentes modos de se agenciar os elementos materiais da linguagem: identificação fundo-forma. portanto, o poema do poeta continua quieto, ali, na página do volume caprichoso. nenhum crime de lesa-autenticidade foi perpetrado. mas, em contrapartida, o leitor criativo agora leva entesourado em seu espírito uma rosácea de formulações possíveis para esse mesmo poema. duplo virtual, proliferante e indecidível, vazado noutro código e em suporte rarefeito. leitura-experiência.

arquitetura não é bem arte

Como já comentei em artigo publicado no website www.sibila.com.br , é justo comemorar o surgimento e o reconhecimento internacional do Museu Iberê Camargo, por tudo que ele representa e pelos temas que desencadeia, tais como: 1) a possibilidade de conservação adequada do acervo do artista dentro de exigências técnicas mais avançadas; 2) a presença de uma obra arquitetônica mais ou menos bem integrada, em termos urbanísticos, a uma zona importante da cidade; 3) a ratificação da imagem de Porto Alegre como uma cidade voltada, desde uma tradição recente, para as artes visuais — pois, além da Bienal do Mercosul que já se constitui num evento significativo no calendário das exposições e mostras brasileiras, poderiam ser lembrados ainda os espaços independentes de produção e reflexão do Torreão e da galeria Subterrânea —, enfim, a nova sede da Fundação Iberê Camargo é um fato cultural importante que se integra ao panorama das práticas e poéticas não-verbais da cidade. No entanto, outr

palavra parelha: um belo quarentão

Anibal Beça Roland Barthes, no seu hoje clássico Le plaisir du texte , à certa altura escreve mais ou menos o seguinte a respeito dos nossos dilemas no concernente à fruição: somos depositários de uma tradição que tende a repudiar o hedonismo, e exceto por algumas vozes marginais, o prazer resta normalmente subvalorizado, reduzido, ou “desinflado” como refere Barthes. Em contrapartida nossos esforços intelectuais e emocionais são aplicados “em proveito de valores fortes, nobres: a Verdade, a Morte, o Progresso, a Alegria...”. Ainda segundo o teórico francês, o mais próximo que conseguimos chegar do prazer — e disfarçando vestígios de culpa —, é sempre através de um disfêmico elogio ao Desejo. O “Desejo teria uma dignidade epistêmica”. Por essas e outras, Palavra parelha (Edições Galo Branco, 2008) de Anibal Beça, volume de poemas que reúne cinco livros novos produzidos dentro de um arco de quarenta anos, revela-se um objeto verbal sob medida para dar materialidade a esta divisa de Ba