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Showing posts from 2008

curso de verão

Poesiacoisanenhuma informa: Abertas as inscrições para o Curso de verão Transgressões poéticas Com Ronald Augusto De 06 a 22 de janeiro de 2009, terças e quintas das 19h às 21h na Palavraria – Livraria-Café Informações & Inscrições: Com Ronald Augusto, pelos telefones 3336 2969 e 9948 0569 ronaldaugustoc@yahoo.com.br www.poesia-pau.blogspot.com Nos seis encontros em que o curso se estrutura, será demonstrado todo um pervagar transgressivo no interior da tradição literária. Três tópicos compõem o curso, a saber: a) a transgressão discursiva; b) a transgressão da visualidade; e c) a transgressão da intransitividade. Um tópico a cada dois encontros. Os sucessos e os fracassos da alta modernidade e da contemporaneidade ajudaram a levar ao limite invenções discursivas como as de Joyce, Guimarães Rosa e Paulo Leminski. Esses autores experimentam um barroquismo onde a hibridez se torna uma categoria importante no literário e, inclusive, na concepção moderna de cultura. A partir de Mallar

biblioteca contemporânea, in progress

Aqui vão algumas anotações menos críticas do que retardatárias sobre livros de autores de agora-agora que tive a chance de ler, e que a respeito dos quais não seria justo ficar em silêncio. Há outros nomes e títulos que, no momento oportuno, também serão comentados aqui. Trata-se na verdade, digamos assim, de pôr o “trampo” em dia. Circo mágico (Editora Projeto, 2007), de Alexandre Brito. Segundo os dados de catalogação, trata-se de uma obra de “literatura infantil” e de “poesia infantil”. O subtítulo do livro diz que são poemas “para gente pequena, média e grande”. Sigo a deixa do poeta, e leio Circo mágico às ganhas, ou seja, feito gente grande. Alexandre Brito pensa o grande no pequeno, e sabe que em poesia tudo se dá inapelavelmente na superfície rugosa da linguagem, inclusive o que, mais tarde, na recepção do leitor se derramará ou subirá, eventualmente, como erupção dos abismos mais escuros do espírito. Portanto, o poeta como re-apresentador do círculo

encerrando os trabalhos de 2008

ronald e hingo weber em 1987 PALAVRARIA – LIVRARIA-CAFÉ CONVIDA PARA MAFUÁ DE MALUNGO:Bate-papo entre Ronald Augusto e Hingo Weber, 10 de dezembro de 2008, quarta-feira, das 19h às 21h Na Palavraria – Livraria-Café Hingo Weber é formado em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria e em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi professor de Filosofia em diversos colégios de Porto Alegre e atualmente é professor no Colégio Leonardo da Vinci. É autor de, entre outros, Através da lógica (1997) e O Príncipe & Maquiavel sem ideologias (2007), ambos editados pela Vozes. O projeto Mafuá de Malungo, concebido por Ronald Augusto, prevê um encontro por mês até o final desse ano, ocasião em que o autor convidado conversa com Ronald a respeito de suas obras. Palavraria - Livraria-Café Rua Vasco da Gama, 165 - Bom Fim 90420-111 - Porto Alegre Telefone 051 32684260 palavraria@palavraria.com.br

no mês de cruz e sousa

O poema em prosa “Emparedado” de Cruz e Sousa ( Evocações , 1898), vem angariando já há algum tempo uma variada recepção. Multiplicam-se defensores a adversários. De modo geral, as abordagens críticas reservam grande atenção - para o bem ou para o mal - ao espinhoso viés da identidade étnica. As análises investigam a emergência de um eu negro. Mas, esse eu , conforme o foco interpretativo - mais ou menos sociológico nuns, mais ou menos psicanalítico noutros - às vezes será representado-denunciado como “complexado”, “dividido e conflitado”, etc., e em outras vezes como o de “um negro que assume a sua condição de negro”. O acadêmico Domício Proença Filho, por exemplo, no ensaio “A Trajetória do Negro na Literatura Brasileira”, incluído na Revista do Patrimônio Histórico , no 25 (1997), vislumbra no “Emparedado” o que julga ser uma verdadeira “confissão” que “não deixa margem a dúvidas” no concernente a uma “visão negativa” que o poeta supostamente nutriria a respeito de si mesmo;

éblis de um ponto de vista nordestino

"Éblis mostra a cara. Por enquanto e até agora, cinco volumes publicados, tom de diversidade de lugares e de dicções variadas também. De Ronaldo Machado, ´Solecidades´ (2007), uma curiosa recuperação da dimensão metafórica da poesia, recurso que caiu em desuso na produção recente, mas que aqui aparece revigorado, convertido numa metáfora urbana e amarga. Ronald Augusto em ´No assoalho duro´ (2007), como é bem sugestivo do título, passeia por um verso provocativo, atiçando a própria linguagem, quase auto-ironia, propõe um nocaute nas aparências, na arrogância solene do mundo das letras, fazendo uso das próprias armadilhas deste. Depois, Paulo de Toledo, que é de Santos (SP), editor, poeta e seus ´51 Medicamentos´ (2007), espécies de anti-haikais, poética quase rabisco por onde transita um mendigo incômodo e provocador, inquilino anônimo do que se diz: cidade. Em 2008, a editora publicou o recente ´Passeios na floresta´, de Ademir Demarchi, que é paranaense, de escrita ágil, irônica

nepotismo!

Amaralina Dinka, minha filha caçula de 11 anos, escreveu seu primeiro poema e me pediu para publicá-lo aqui no blog. Ela quer receber críticas e comentários. A MOCINHA FELIZ Eu acordei bem sapeca Parecendo uma peteca Fui direto pra cozinha Tomar meu café na caneca Na escola eu aprendi A multiplicar No recreio fui brincar Cheguei em casa Subi a escada Escorreguei, Caí no chão Mas não chorei Na hora de jantar Tomei meu chá Na minha janela Vi uma mulher tagarela.

alexandre animador de circo

PALAVRARIA – LIVRARIA-CAFÉCONVIDA PARAMAFUÁ DE MALUNGO: Bate-papo entre Ronald Augusto e Alexandre Brito 16 de outubro de 2008, quinta-feira, das 19h às 21h Na Palavraria – Livraria-Café Alexandre Brito é poeta, músico, letrista, editor e produtor cultural. Nascido em Porto Alegre, começa sua trajetória como poeta nos anos 80, em Belo Horizonte. No ano de 1986 publica Visagens pela Editora Arte Pau Brasil. Em São Paulo participa ativamente da “Edições Nômades”, editora que publicava poemas em vários suportes (livro, poster, cartão, postal, camiseta) usando a técnica da gravura serigráfica. Com os poetas Paco Cac e Samaral (Rio de Janeiro), publica uma série de Jornais poéticos 1990, 1991, 1992. Idealizou e coordenou como editor a Coleção de poesia Petit-Poa (em sua primeira fase; formato das caixinhas) para a Coordenação do Livro e Literatura da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, quando foi publicado “Zeros”. Também produziu eventos como o 2° Poetar (1991/SMC-POA) e a 1ª

portopoesia, o retorno

confira toda a programação em http//:www.portopoesia2.blogspot.com

à margem de outras coisas 2

entornei pelo rasgo pelo fracasso da desrazão com meu lenho no encalço de estranhos compatriotas enracinados em lugar torpe e vão de vale em vau onde quem menos prova mais dobra a nota e a vaga onda visgo de amolações que orlam nonada e marolam no estreito por nenhuma coisa rusgam pactários sugam a niilina do néctar enquanto néscios roem unha desabam um abanar de nasos e de ossos nos cantos o sôfrego da fala menoscabo que tanto desdiz e grunha no convencimento de idéias frustres perfazendo o inintelecto a arder adrede com asma de sentidos pensos de lustres cuja luz é tão densa que tomba em rede — murciélago que se debate em delgado véu — a custo alcançam dar cabo ao que pensam mais breve cair no ensimesmo de miasmas de enfado ao menos fix os ficam libertos do dissenso *** entornei sem retorno pelo rasgo pelo fracasso da desrazão enxuguei o frasco com meu lenho no encalço de estranhos compatriotas enracinados em lugar torpe e vão de vale em vau onde quem menos prova mais dobra a nota e

prisma sonoro: do sertão ao porto

O título do novo CD do cantor e compositor Tom Gil, Do sertão ao porto, resume um pouco de sua trajetória vivencial e musical. A sonoridade, as referências e as parcerias que passam pelo mixer de Do sertão ao porto, traduzem esteticamente um percurso cuja origem está em Várzea Alegre, interior do Ceará, e o lugar de chegada, por um feliz acaso, em Porto Alegre. Ouça-se o qualificativo “alegre” ligando esses dois pontos. Ou não. Mas, Tom Gil poderia ter aportado em qualquer outra megacidade, pois é isso que representa o “porto” no desbravamento do seu prisma sonoro: lugar de amplas transações poético-musicais. “O aeroporto em frente me dá lições de partir”, diz um poema de Manuel Bandeira. Tom Gil aprende também a partir e abandonar. Mas, desde o ponto extremo do porto, reconhece a importância da memória. Em Do sertão ao porto, curtimos o cantor cujo timbre todo especial tem tanto de sarcasmo quanto de malandra fragilidade. Tom Gil, o zabumbeiro zombeteiro e o compositor de grandes ba

inventar problemas novos

Uma pergunta que nasce com o alto modernismo e chega até o nosso momento, é a seguinte: afinal, o que é poesia? Na verdade, a poesia que realmente importa não escapa ou jamais escapou a essa indagação, ou seja, ela se constrói, mesmo, a partir dos destroços dessa e de outras certezas. Por sua vez, algumas vozes da poética atual, por preferirem dar as costas aos seus dilemas elogiando o “poema com poesia” (como assim?) em prejuízo daquilo que eles chamam de “experimentalismo inconseqüente”, argumentam que qualquer poesia é melhor do que a não-poesia. A contemporaneidade, talvez como reação à extrema negatividade crítica presente nas idéias de meados do século 20, apresenta uma forte tendência para a mediocridade afirmativa; a tolerância em tom pastel. A arte contemporânea, por exemplo, avança com mais coragem no terreno da anti-arte. Não se pode afirmar se os cacos de um copo sobre uma mesa branca representam um objeto de arte ou não. Em fim de contas, fica a cargo do obs

ricardo o bardo no mafuá

eu e o outro poET, ricardo silvestrin PALAVRARIA – LIVRARIA-CAFÉ CONVIDA PARA MAFUÁ DE MALUNGO: Bate-papo entre Ronald Augusto e Ricardo Silvestrin 10 de setembro de 2008, quarta-feira, das 19h às 21h Na Palavraria – Livraria-Café Ricardo Silvestrin é poeta, contista, cronista, ensaísta e músico. Lançou 11 livros. Os mais recentes são O Menos Vendido (poesia, editora Nankin, SP, 2006), Play (contos, editora Record, RJ, 2008), ex,Peri,mental (poesia, editora ameopoema, Poa, 2004) e É tudo invenção (infantil, poesia, editora Ática, SP, 2003). Foi três vezes prêmio Açorianos e também prêmio do Encontro Brasileiro de Haicai. Integra a banda os poETs, que lançou o cd Música Legal com Letra Bacana (gravadora YB, SP, 2005). É editor da ameopoema. Tem uma coluna no Segundo Caderno do jornal Zero Hora. Apresenta diariamente na Ipanema FM o programa Transmissão de Pensamento. Faz parte da Antologia Mundial de Haicai, Frogpond, editada pela Hayku Society of América, USA. Site: http://www.ricardos

um parágrafo irritante

giacomo joyce, r. a. A invenção da escrita cursiva, a par da derrocada do mundo heróico, sepultou a poesia cantada. O espaço público, solidário e consensual, reflui para a imprecisão da subjetividade lírica. O leitor mudo encena a sua tragédia no quadrículo resumido da página manuscrita, ou impressa. O sermão dá passagem à confissão. Um parêntese, ou um breve desvio: para usar uma metáfora resgatada ao campo da música, poderíamos dizer que a voz empostada se converte no canto à boca pequena da bossa nova; fecho-o. Mallarmé, no século19, já diz que tudo, mais cedo ou mais tarde, acaba num livro. Em literatura, toda teatralidade se rarefaz. O seu lado avesso esconde nada, e essa formulação também poderia servir de imagem ao poema como escritura-figura que se imprime no papel.

ronaldo machado, excertos

Mais do que lance bem urdido de manipulação de linguagem, a palavra-montagem “solecidades”, que serve de título ao livro de estréia de Ronaldo Machado , aponta para a estrutural relação desse poema em parcelas do nosso século, com as falhas - no sentido de “fissuras” -, com os fragmentos e com as errâncias constitutivas das controversas personae poéticas do alto modernismo, localizadas no já recuado século passado. O poeta faz o seu périplo através desses espaços de dissonância e sentido (ou de sua ausência), e sem desligar os pulsos da memória pessoal, mas num registro menos épico, focalizando a atenção nos arrabaldes e em suas “indecifráveis histórias” com um olhar lírico-imagético a percorrer estes “restos da cidade” transliterados a partir dos despojos discursivos de seus precursores. Entretanto, o leitor atento perceberá que Ronaldo lida menos com os topos do que com os tropos : “Na pedra/ palpita a pele abstrata da palavra:/ corpo estendido no vazio” (pág. 16). Em Solecidades ,

o malungo co-editor

PALAVRARIA – LIVRARIA-CAFÉ CONVIDA PARA MAFUÁ DE MALUNGO: Bate-papo entre Ronald Augusto e Ronaldo Machado 13 de agosto de 2008, quarta-feira, das 19h às 21h Na Palavraria – Livraria-Café Ronaldo Machado nasceu em Porto Alegre a 13 de agosto de 1971. Poeta, é autor de Solecidades (Éblis, 2007). Co-editor da Editora Éblis. Mestre em Teoria Literária (Unicamp/2000), tem artigos de crítica e teoria literária publicados em revistas especializadas. Assina o blog www.solecismos.zip.net O projeto Mafuá de Malungo, concebido por Ronald Augusto, prevê um encontro por mês até o final desse ano, ocasião em que o poeta convidado conversa com Ronald a respeito de suas obras. Palavraria - Livraria-CaféRua Vasco da Gama, 165 - Bom Fim90420-111 - Porto Alegre Telefone 051 32684260 palavraria@palavraria.com.br

questões de linguagem

www.verbavisual.blogspot.com Segundo Wittgenstein, os “problemas filosóficos” são produzidos quando o que deve ser silenciado termina por ser dito. O que pode ser expresso com clareza, sem erros (ou riscos) de linguagem (afasias) não seria, portanto, poesia. Por outro lado, diz-se com uma certa insistência - o que, aliás, deveria nos conduzir a uma suspeição ou resguardo com relação ao aspecto avassalador da afirmativa que segue - que a poesia “diz o indizível”. Mas, se Wittgenstein tem razão quando afirma que “acerca daquilo de que não se pode falar, deve-se silenciar”, como emprestar credibilidade ao supostamente indizível que a linguagem poética materializaria no lance de sua invenção? Efetivamente, a poesia diz o indizível? E como, em caso afirmativo, ela o diz?

malungo número 4

eu e José Eduardo Degrazia PALAVRARIA – LIVRARIA-CAFÉ CONVIDA PARA MAFUÁ DE MALUNGO : Bate-papo entre Ronald Augusto e José Eduardo Degrazia 9 de julho de 2008, quarta-feira, das 19h às 21h Na Palavraria – Livraria-Café José Eduardo Degrazia nasceu em Porto Alegre em 1951. Publicou dezenas de artigos e crônicas em jonais e revistas do Brasil e do exterior. Tem publicados os livros de poemas Lavra permanente, Cidade submersa, A porta do sol, Piano arcano, e A urna Guarani. Seus livros de contos são O atleta recordista, A orelha do bugre, A terra sem males e Os leões selvagens de Tanganica. Traduziu livros de Pablo Neruda, poetas latino-americanos e italianos. Foi premiado em poesia, conto, teatro e tradução. Seu mais recente livro é a O reino de macambira. O projeto Mafuá de Malungo, concebido por Ronald Augusto, prevê um encontro por mês até o final desse ano, ocasião em que o convidado conversa com Ronald a respeito de sua vida e obra. Palavraria - Livraria-Café Rua Vasco da Gama, 16

bejibeji - olomi

by ronald augusto festival in the ocean folks swarming over the waters of the great mother sacred ground seized by thighs crowned by bass-hips rapturous living frock propped on its own hem lengthy-cerulean flowing from bosom down to ankles licking against her curves lubricated always resuming wandering lady mistress over sparkling flowers smoothly extricates herself dancing a honey-flowing fancy white flamed phlegm green petals one foot before another eye drawing out to cast on shore just what is kept at her eyes level incessant go-go (baggage carousel) or as if perched on a procession chariot suspended above pain and adoration sinewy serene siren conveyer plummeting identical toy boats objects from street craft fairs spawning of trinkets on the clear beach courtesan of all moons iwas verses vortices sweet smelling baroque buttocks her hips justify her epithet: earth shaker naked armpit polished as a shell in its hollowed inside if homer had met yoruba yemanja perhaps he would have fas

música não-verbal

A retaguarda inventiva da poesia escrita migrou para a tela do computador: o poema experimental, até há pouco tempo construído caprichosamente com cartelas de letra-set, virou animação digital em 3D. Parece que vai sair da tela, mas não sai.

o número três

PALAVRARIA – LIVRARIA-CAFÉ CONVIDA PARA MAFUÁ DE MALUNGO (3): Bate-papo entre Ronald Augusto e Jaime Medeiros Jr. 11 de junho de 2008, quarta-feira, das 19h às 21h Na Palavraria – Livraria-Café Jaime Medeiros Jr. é poeta porto-alegrense nascido em 1964. Tem no prelo seu primeiro livro, intitulado Na ante-sala. Médico pediatra. Participou da organização do primeiro Portopoesia. Hoje faz parte da produtora Portopoesia, organizadora da segunda edição do evento, que se realizará em outubro deste ano. Mantém com a poeta Deisi Beier o blog http://www.filhosdeorfeu.blogspot.com/ O projeto Mafuá de Malungo, concebido por Ronald Augusto, prevê um encontro por mês até o final desse ano, ocasião em que o poeta convidado conversará com Ronald a respeito de suas obras. EduardoDegrazia e Ricardo Silvestrin, entre outros, são alguns dos malungosconfirmados para conversar com Ronald Augusto nos próximos encontros. Palavraria - Livraria-CaféRua Vasco da Gama, 165 - Bom Fim90420-111 - Porto Alegr

brossa nova

Recentemente re-li o livro Poesia Vista , do poeta catalão Joan Brossa (1919-1998) ( http://www.joanbrossa.org ). Publicação da Amauta Editoral e da Ateliê Editorial. A velhaguarda da melhor vanguarda fazendo maravilhas com o mínimo de recursos. Nada de computadores e distorções de letras, essas bobagens típicas de uma confiança ou de um entusiasmo naïf nos poderes podres de maduros que marcam a ultramodernidade narcisista. Vírus da virtualândia. Brossa, com seu sorriso carrolliano é mais dada que surreal. Chuta o saco diáfano da seriedade "artística". Diz que a nossa não é uma época multimídia, mas “multimerda”. Seus poemas recusam abordagens conclusivas ou explicações poética ou pretensamente corretas. Suas prestigitações poético-visuais vão a contrapelo da voga contemporânea, no sentido em que não dão a mínima importância para a necessidade de guarda-costas travestidos de curadores ou de simplórios mediadores sempre sacando de suas algibeiras uma dica de "leitura"

achegas antes da solenidade de posse, No assoalho duro (2007)

em todos os teus dias ninguém fará sobre nossa terra senão o que tu mentalizares toma do meu coração algum tanto que sejas esforçado e soca o olho ao tapa-olho topando com carreirista: taipa e farpa mais não pedirá gran colpe con teu tragazeite se por des ventura um mocambo de poetas negros afirmando que deuses têm nariz chato e pêlo duro parte para o tapa (a chibata já não soa bem no concerto das nações) e nunca para a rapa cotovelada nas costelas saúda pelo estabelecimento a cerimoniosa mulher pública não consintas em nenhuma guisa que os teus sejam soberbos nem atrevudos mudo chuta-lhes o baco frasco apenas concha no lado da orelha haverás o papa e as gentes unhaecarnebranca dá-lhes siempre sus soldadas bien paradas pontapés joelhadas sem joelheira punhadas pois eles (veja-os de joelhos) sem tais cuidados perderiam o siso e quando tocassem no teu nome só diriam injúrias à base de tortuosa linguagem

leitura viva

A leitura equívoca; a leitura à revelia das boas ou más intenções do autor; a leitura que “está andando”, que manda o autor passear; a leitura feita em decúbito dorsal ou ventral; a leitura que se faz na rede, pênsil entre uma árvore e outra, que se faz no ônibus, no metrô; a leitura que se faz (se desfaz) quando não se tem um tostão no bolso, quando se padece de uma afecção respiratória; a leitura que se faz quando se está às turras com a patroa ou de bem com o seu bem, etc, etc, etc.

para quem não esteve no mafuá

fotos: jane machado Numa época em que a prática da autopromoção faculta a muito poeta de segunda categoria um lugar de destaque no florilégio medíocre das letras “locais” (Porto Alegre, São Paulo, Florianópolis, Bahia, a escolher...), o silêncio vil e incivil em torno do nome de Oliveira Silveira - sem esquecer que para isso contribui a sua orgulhosa e solitária modéstia - pode ser interpretado como um sinal de distinção. Em resumo: quem não leu ainda a poesia de Oliveira, seja por imperícia, seja por má-fé, que não atrapalhe, por favor. 2 poemas de Oliveira Silveira OBRIGADO, MINHA TERRA Obrigado rios de São Pedro pelo peso da água em meu remo. Feitorias do linho-cânhamo obrigado pelos lanhos. Obrigado loiro trigo pelo contraste comigo. Obrigado lavoura pelas vergas no meu couro. Obrigado charqueadas por minhas feridas salgadas. Te agradeço Rio Grande o doce e o amargo pelos quais te fiz meu pago e as fronteiras fraternas por onde busquei outras terras. Agradeço teu pes

segundo mafuá

PALAVRARIA – LIVRARIA-CAFÉ CONVIDA PARA MAFUÁ DE MALUNGO: Bate-papo entre Oliveira Silveira e Ronald Augusto 14 de maio de 2008, quarta-feira, das 19h às 21h Na Palavraria – Livraria-Café Neste segundo Mafuá de Malungo vamos fruir a gestalt severa e exata da poesia de Oliveira Silveira, sua brevidade grave e algo epigramática - considerada se quisermos a partir da perspectiva que reconhece a vertente negra na literatura brasileira. Sua obra é emblema de ceticismo tanto em relação à ética do homem branco, quanto ao viés estético referendado pelo meio literário, representação especular, mas com suas particularidades, dos conflitos étnicos e sociais presentes sob o arco ideológico. Oliveira Silveira (1941), graduado em Letras - Português e Francês com as respectivas Literaturas - pela UFRGS, é poeta, ensaísta, músico e ativista do Movimento Negro. Estudou a data e sugeriu a evocação do 20 de Novembro, lançada e implantada no Brasil pelo Grupo Palmares, a contar de 1971. Em poesia publicou

de muda

curso

rosa maris: www.verbavisual.blogspot.com Palavraria – Livraria-Café informa: Abertas as inscrições para QUADRO INCOMPLETO DA POESIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA Com Ronald Augusto A partir de 12 de maio de 2008 (12 encontros) às segundas-feiras, das 19h30min às 21h, na Palavraria – Livraria-Café Informações & Inscrições: Com Ronald Augusto, ronaldaugustoc@yahoo.com.br www.poesia-pau.zip.net Neste curso teórico, embora mantendo distância segura daquele ponto em que a teoria começa a obstruir a fruição estética, Ronald Augusto convida os interessados (e os desinteressados) para um percurso não-linear através de temas como: tradição e vanguarda; poetas e poemas decisivos para arte da poesia nos dois últimos séculos, fracassos e sucessos exemplares no gênero; os dilemas entre espaço aberto e espaço fechado no poema; a relação às vezes controversa entre vida e linguagem; os lugares-comuns da poesia contemporânea, etc. Alguns criadores comentados: Luiz Gama, Charles Baudelaire, T. S. Eliot,

primeiro mafuá de malungo

Com a benção de Manuel Bandeira, o projeto Mafuá de Malungo começou, e muito bem. No último dia 9 de abril, a Palavraria - Livraria-café abriu suas portas para a artista visual e poeta, Dione Veiga Vieira , a convidada de abertura do Mafuá. A trajetória criativa de Dione Veiga Vieira, não sei se devido a essa condição privilegiada de criadora ambidestra - haja visto ser poeta e artista visual -, ou que outra explicação se tente, torna-se instigante, pois, sua confiança na autonomia da linguagem poética se revela tão jubilosa em sua luminosidade, que não é justo mostrar indiferença frente às imagens que povoam tanto suas obras plásticas quanto o seu Matiz de Estação (1983), infelizmente, diga-se de passagem, seu único livro até agora. O apetite demonstrado por Dione Veiga pelo poema na pele de coisa encarnada, em detrimento da tradição livresca que o apresenta como sublimação seja dos humores da emoção, seja dos labirintos da razão, talvez se explique pelo viés da porção artista visual

a propósito de machado de assis

documento san juan de la cruz por conta do sono nisso sua alma (alta ou baixa? maria benedita) risonha entre vivências a serviço do amor sem souto à vista e segue do joio à sevícia da alegria ou alegre porque joeirar é vetor de viço de joelhos num fisgar de olhos frente ao senhor seu peixe (carlos maria?) carillo il tuo gran cazzo all’anima mi va

melhor do que acompanhado

em resposta a uma outra solicitação que lhe fizeram a inércia o jornalismo cultural bodhisatwa a espera de oferendas o provincianamente tolerável o ubíquo professor extra-muros acadêmicos a retranca etc tudo isso cabe na bitola metafórica do cavalo que não se move porque não foi chicoteado a quem é necessário que a literatura ocupe um lugar especial? ou ela estará todos os dias no jornalário todo e em cada página ou ela absolutamente não é necessária nem pertinente vá à merda essa literatura que é servida ab sorvida como sobremesa em festins onde prosadores e poetas dão o ar da graça apresentando preleções ponencias sem potência a propósito de seus respectivos gêneros sem que para isso para este mico frátrio embolsem um puto sequer porque toparam participar e fazer a coisa - pois é - assim “no amor” vicários contistas da obesidade poetas do melos melífero da música gaúcha angola-conguense estou andando para vocês manos rápidas no engendramento no agendamento de suas carreiras e pelotas

legendas equívocas

música calada ulisbo(r)n O fato de que, desde sempre, ser possível, mesmo que marginalmente, se constatar essas intromissões, ou esses ruídos do não-verbal marcando o corpo do literário consagrado pelo tempo, em nada desmerece ou diminui a novidade dos movimentos de vanguarda que, a partir da década de 1950, retomam, depois de alguns anos de interrupção, a bandeira do modernismo radical do início do século 20. Pois esses movimentos, a poesia concreta, o poema processo e o neo-concretismo, por exemplo, começaram a ampliar de maneira mais sistemática e crítica o campo de possibilidades do discurso eminentemente literário, incorporando à sua gramática elementos oriundos de outras linguagens.

de lambuja, um poema traduzido

Ivy G. Wilson Ayo A. Coly Introduction Callaloo Volume 30, Number 2, Spring 2007 Special Issue: Callaloo and the Cultures and Letters of the Black Diaspora.To employ the term diaspora in black cultural studies now is equal parts imperative and elusive. In the wake of recent forceful critiques of nationalism, the diaspora has increasingly come to be understood as a concept—indeed, almost a discourse formation unto itself—that allows for, if not mandates, modes of analysis that are comparative, transnational, global in their perspective. And Callaloo, as a journal of African Diaspora arts and letters, might justly be understood to have a particular relationship to this mandate. For this special issue, we have tried to assemble pieces where the phrase diaspora can find little refuge as a self-reflexive term—a maneuver that seeks to destabilize the facile prefigurations of the word in our current critical vocabulary, where its invocation has too often become idiomatic. More critically, we

EUMEU’S ADVENTURES IN WONDERLAND

unha cunha de um sob mandarinato excremência toda que insistir à parte: à partida (mas eumeu: apartamento tardo-burrocólico de tanta fraude) peregrinos e corneados depoentes eufêmicos de merda ruda torneada o vulgar é muitos já pisarem nela e não verem diferença - marmelada eumeu subirá algum dia num dos seus? haverá quem lhe fale sobre a porqueira diversa daquela onde seu sol redunda procos-porcos jogo para ele sem beira

livro aberto / caligramas visuais em dichtungsring, 1991