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Showing posts from January, 2013

leva um livro pra praia

A convite dos editores do Segundo Caderno do jornal Zero Hora (RS), eu e outros autores demos dicas de títulos para rir, para se emocionar e para refletir durante o descanso nesse período de férias. Para quem quiser conferir todas as indicações de livros vá para   http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-lazer/segundo-caderno/noticia/2013/01/escritores-sugerem-livros-para-as-ferias-3998826.html Essas são as minhas dicas: Rir: Memórias póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis Memórias póstumas de Brás Cubas é um livro extremamente divertido ou um cruel divertissement bem ao estilo do século 19. Mas, para quem não sabe, o humor de Machado de Assis não tem nenhuma relação com esse da inflação do stand-up cuja gargalhada é reacionária e nada inventiva, humor fácil que reproduz todos os preconceitos naturalizados e que se submete ao vale-tudo de fazer rir doa a quem doer. O humor autoirônico de Machado não é o do “atendimento ao cliente”. Vejam, por exemplo, como

A celebridade de um homem que não foi ministro nem califa

Aguiar Eu disse a ele que B. não merecia o galardão de artista consumado, mas foi em vão. Nem um só revés havia partido seu ânimo. Os mais feros e descomunais jamais o engoliram. Aires Melhor se encontrava seu oponente, porque em Bodegabay havia vencido a morte valendo-se da indústria de deuses pagãos, prodígios da terra. Aguiar Dizia muito bem (mesmo dizendo mal), o mancebo B., do gigante, porque, sendo ele próprio daquela geração gigântea, concordava que todos eram soberbos e descomedidos. Aires Mas, à socapa, afirmava que ele só sabia ser afável e bem criado. E sobre todos considerava-se bastante aquinhoado. Aguiar Quando o viram sair do Castelo, depois de haver roubado todos com quem topara, deram nele mancheias de coices embrutecidos. O traidor gania. Aires Desafortunado B. Aguiar A alma que ainda tinha não prestava para mais nada. Com efeito, rematado já seu juízo, veio dar nele o mais estranho pensamento que jamais te
A celebridade de um homem que não foi ministro nem califa Aguiar Eu disse a ele que B. não merecia o galardão de artista consumado, mas foi em vão. Nem um só revés havia partido seu ânimo. Os mais feros e descomunais jamais o engoliram. Aires Melhor se encontrava seu oponente, porque em Bodegabay havia vencido a morte valendo-se da indústria de deuses pagãos, prodígios da terra. Aguiar Dizia muito bem (mesmo dizendo mal), o mancebo B., do gigante, porque, sendo ele próprio daquela geração gigântea, concordava que todos eram soberbos e descomedidos. Aires Mas, à socapa, afirmava que ele só sabia ser afável e bem criado. E sobre todos considerava-se bastante aquinhoado. Aguiar Quando o viram sair do Castelo, depois de haver roubado todos com quem topara, deram nele mancheias de coices embrutecidos. O traidor gania. Aires Desafortunado B. Aguiar A alma que ainda tinha não prestava para mais nada. Com efeito, rematado já seu juízo,