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mais além das personae

dois livros que consegui não faz muito tempo e os dois representam aparentemente tudo o que menos me agrada um é de haikais (mas não), 29 de marcos messerschmidt o outro é de sonetos (mas não), quarenta e uns sonetos catados de alex simões mas para a minha grata satisfação esses poetas e seus livros não cumprem o que prometem ou melhor cumprem o essencial: além ou aquém de um circunstancial reconhecimento – que felizmente parece não lhes interessar – de um como persona -haijin e de outro como persona -sonetista o que vale mesmo é que são bons poetas e experimentando as valências expressivas dessas formas da tradição e na medida do possível acrescentando algo de singular a elas quarenta e uns sonetos catados de alex simões: desde o seu surgimento até agora as tramas métricas e rímicas do soneto continuam quase as mesmas o que muda e mudará sempre é o tom e a sintaxe alex simões com esse seu conjunto de contrassonetos não perde ...

o calafate cristiano moreira, poeta

o calafate o que faz veda os vãos as fissuras entre as tábuas das naus à força de estopa e algodão com alcatrão o calafate míope metáfora do poeta háptico que palpa num afazer de afasias seus breves e compactos instrumentos seu bateau ivre à deriva a tarefa arquetípica de emprestar sentido ao nomeado mas a mareada náusea o impreciso feito preciso “os rostos no lodo da margem” borram por sua vez o desenho do poeta cala- fate fátuo ficto (a música do cais fungível e indeterminada o silêncio mais essa palha espessa) o marulho da memória o mar-rio grande bulindo com as duas cidades coxas de mulher oleosa baita livro-trapiche de poemas (em contraponto com fotogramas de prosa) do cristiano moreira lido agora depois de 5 anos quieto entre outros volumes                          

fignans [completo]

el hacedônio

festival de poesia latinoamericana bahía blanca #2

as mulatas do chacrinha-falabella

assim como aconteceu no episódio de racismo contra o goleiro aranha onde, a partir de um certo momento, os que se posicionaram a favor da aplicação da lei punindo os ofensores, paradoxalmente, começaram a ser demonizados porque não perdoaram a torcedora racista, agora, então, começa a se erguer uma onda de apoio ao seriado "sexo e as negas" seguindo quase os mesmos moldes. em troca de uma exposição (ou de uma visibilidade) ainda que não a ideal da imagem do negro para uma audiência mais ampla e graças à capacidade de barganha e de sedução (ou de chantagem) da emissora que patrocina a série, muitos já começam a ver com bons olhos as peripécias das novas mulatas do chacrinha-falabella. o pragmantismo da cultura das celebridades aceita tudo, essa propriedade já não é mais exclusiva do papel. assim, negros e brancos que preferem não transigir com a suposta vantagem que teria sido alcançada pelos ou para os negros com a série (na verdade se trata de uma exceção que conf...

aranha versus racismo

Proêmio Que seja leve mais essa pá de cal lançada sobre o gesto inócuo do jogador Daniel Alves que resolveu comer a banana do racismo. Por ironia propus em minha página no facebook que o senhor Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, ex-presidente do Grêmio, fizesse jus ao troféu “Imbecil da Semana” por afirmar recentemente em um programa de rádio que ofensas raciais fazem parte do “folclore do futebol”. Tudo bem, esse senhor tem o direito de afirmar o que quiser, o problema é que a sua afirmação não dá a menor atenção à questão do preconceito naturalizado no interior da sociedade brasileira, pelo contrário, acaba mesmo por reforçá-lo, pois ele se serve dessa precária constatação com a intenção de atenuar o ato racista perpetrado pela torcedora destemperada. Isto é, ela teria xingado o goleiro Aranha de “macaco” não por sua livre escolha, mas por obediência impensada a um estado de ânimo ligado ao “folclore do futebol”, estado de ânimo esse que seria como que infenso a q...