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desvio do modelo

a linguagem criou o griot ricardo aleixo e é nela e por ela que ele ainda vive na trama de novos modelos de sensibilidade assim esse o que li nesse modelos vivos vai aqui e ali pois basta parar em um livro para cair na graça da suspeição coisado de objetos suspeitos: modelos vivos a começar por um soneto engastado no conjunto como um sonido ruído cage-ducham piano gesto preparado mas o inde terminado a arte inicial que se rebusca na arte final desse buscão o negriot modelo de modulações que aprendi a respeitar e peitar quando necessário esse obá clus obá ric emboscado na anamorfose do seu manto esse esse a quem me leixo leixar esse que evém e não tem que se desfotograma narciso que se auto-anarquisa arquivo arqvivo porquanto todo o tempo-signagem que ainda não fruímos surte no seu íntimo (Gamboa, 06 de fevereiro de 2015)

METAL, o que consegui entesourar

há metafísica bastante em não pensar em nada exceto em um poema esse na página menos à maneira de um relevo diagramático do mundo do que na figura de uma lista de afazeres inconclusos relativos à vida teorética ou contemplativa soprada pela vida ativa ou, a bem dizer, prática metal de ricardo silvestrin livro que serve de ser agora sob o jugo de minha leitura aproximativa (deriva semântica) a sensação de um inteiro reiterar-se em poema que vai se dizendo de muitos modos (evocando traço aristotélico) mas contente de arriscar-se no que risca o fósforo de uma imagem-pensamento que se projeta em presença sonora metal   o fio do logos ameno filosofal mas naquela medida em que o sujeito é filosofal porque sabe até onde pode ir molhando a palavra ao mesmo tempo em que abandona o terreno conquistado às vezes também uma recusa (espécie de cesura) em ser amásio da sabedoria por isso o esbarro seco de muitos poemas um desvio uns desf...

o que quer um poeta

poetas posam nus para financiar publicação de livros poetas participam do BBB para financiar publicação de livros poetas viram evangélicos para financiar publicação de livros poetas traficam cocaína para financiar publicação de livros poetas juntam-se às fileiras do exército do estado islâmico para financiar publicação de livros poetas se dizem judeus para financiar publicação de livros poetas se reconhecem afrodescendentes para financiar publicação de livros poetas são amigos de poetas para financiar publicação de livros poetas imitam a si mesmos para financiar publicação de livros poetas ficam de bico calado para financiar publicação de livros poetas usam chapéu panamá para financiar publicação de livros poetas não se pejam de ser pactários para financiar publicação de livros poetas xingam os corruptos da petrobrás para financiar publicação de livros poetas sobem o morro para financiar publicação de livros poetas serve...

A justaposição de vozes dramáticas em Arrastão e outros poemas

O poeta, já há algum tempo, vem experimentando a realização do que eu chamo de “poema-livro” ou, em outras palavras, Marlon vem exercitando o poema longo em parcelas, seu foco compositivo vai a contrapelo da mera reunião de poemas sem um fio condutor. Isto é, Arrastão e outros poemas é um livro de poemas com um “tema de fundo” ou com uma invariante discursiva, coisa nada comum no acervo das obras poéticas de nossa tradição. Além disso, o conjunto apresenta variedade de ritmos e cadências: formas breves, versos cuja síntese alude ao linguajar popular e à estética da letra de canção. A simplicidade de alguns poemas é enganosa, pois ela tem o caráter do dramático. Neste sentido, não é o poeta quem fala através de uma máscara, mas a própria persona assume o primeiro plano como esse ser de linguagem que se desvela nos atos rítmicos e imagéticos da cena. O narrado e sua escassez são apresentados por Marlon de Almeida apenas na figuração dos momentos-metáforas mais intensos, c...

Armindo Trevisan: a poesia nua diante de seus celibatários

Armindo Trevisan, com Adega imaginária , seu mais recente conjunto de poemas, segue mantendo retesado o arco da lira. Por essa razão sua poesia permanece contemporânea, isto é, ela não tem essa propriedade tão só porque está sendo feita agora, não é acidentalmente contemporânea, mas, antes, essencialmente contemporânea, porque Armindo Trevisan atualiza e redimensiona no presente as tradições, as formas e os temas caros aos poetas de sua geração. Ao mesmo tempo oferece à poesia mais jovem um tom filosofal e especulativo, coisa que se relaciona intrinsecamente à sua condição de lúcido homem velho, de poeta velho, mas que, ao modo anacreôntico, envelhece e continua amando. Trevisan aprendeu que o poema quer ser amado, mais do que decodificado. Adega imaginária evoca reflexões estéticas e metafísicas, sem deixar de lado o amor dos cinco sentidos. E tudo isso por meio de uma linguagem que depura a metáfora (recurso importante para Trevisan) a seus elementos essenc...

mais além das personae

dois livros que consegui não faz muito tempo e os dois representam aparentemente tudo o que menos me agrada um é de haikais (mas não), 29 de marcos messerschmidt o outro é de sonetos (mas não), quarenta e uns sonetos catados de alex simões mas para a minha grata satisfação esses poetas e seus livros não cumprem o que prometem ou melhor cumprem o essencial: além ou aquém de um circunstancial reconhecimento – que felizmente parece não lhes interessar – de um como persona -haijin e de outro como persona -sonetista o que vale mesmo é que são bons poetas e experimentando as valências expressivas dessas formas da tradição e na medida do possível acrescentando algo de singular a elas quarenta e uns sonetos catados de alex simões: desde o seu surgimento até agora as tramas métricas e rímicas do soneto continuam quase as mesmas o que muda e mudará sempre é o tom e a sintaxe alex simões com esse seu conjunto de contrassonetos não perde ...

o calafate cristiano moreira, poeta

o calafate o que faz veda os vãos as fissuras entre as tábuas das naus à força de estopa e algodão com alcatrão o calafate míope metáfora do poeta háptico que palpa num afazer de afasias seus breves e compactos instrumentos seu bateau ivre à deriva a tarefa arquetípica de emprestar sentido ao nomeado mas a mareada náusea o impreciso feito preciso “os rostos no lodo da margem” borram por sua vez o desenho do poeta cala- fate fátuo ficto (a música do cais fungível e indeterminada o silêncio mais essa palha espessa) o marulho da memória o mar-rio grande bulindo com as duas cidades coxas de mulher oleosa baita livro-trapiche de poemas (em contraponto com fotogramas de prosa) do cristiano moreira lido agora depois de 5 anos quieto entre outros volumes