Skip to main content

Posts

luis serguilha em porto alegre

Já há alguns anos — não muitos — o poeta português Luís Serguilha vem tentando, numa espécie de périplo, se situar tanto poética como criticamente no embate às vezes encarniçado da poesia contemporânea brasileira. Durante este período relativamente exíguo, atravessando como forasteiro interessado as quizilas e fronteiras estaduais do país, Serguilha já escreveu textos de teor literário e de intervenção cultural para livros, sites e revistas especializadas, e, do mesmo modo, participou de encontros e debates em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo junto dos seus companheiros de geração do lado cá do Atlântico. De outra parte, aspectos da sua obra propriamente criativa começam a ser objeto de análises de alguns poetas-críticos e acadêmicos brasileiros. Seu ponto de partida na tensão de traçar algumas linhas de força dessa série poética é, de um lado, eclético, e, de outro, interessado em demarcar eventos de linguagem que apontem para uma intrínseca transgre...

alegria da influência

Um comentário a caminho para Os nove pentes d’África

Gostei da narrativa de Os nove pentes d’África , de Cidinha da Silva, da história, do modo como é contada. Mas sei que gostaria mais ainda se fosse mais curta; se ganhasse a forma de um conto. O conto se abre, ou se cerra, a uma tensão que em muitos casos nem se resolve. Naturalmente, não foi essa a intenção da prosadora. Respeito. Não sou um adepto fundamentalista da síntese e nem da escassez que, em poesia, entram na conta das suas virtudes; mas o conto tem algo que falta ao romance ou à novela, ou aos textos que ficam no meio do caminho. Isto é, o conto põe a descoberto parte apenas do que de fato interessa (o resto é o seu avesso, que é o subentendido, que é a alusão), ou como talvez dissesse Pound caso estivera se pronunciando não a respeito da poesia, mas da prosa, que o conto não perderia tempo com itens obsoletos: ele seria e é essências e medulas. Pelo fato de Os nove pentes d’África , não obstante o que escrevi mais acima, ser econômico, esteticamente comedido no uso da cor ...

anotações: tornaviagem

o apreço pela ideia de contar o mito do nome e do signo, a efabulação da escolha, o nome e o signo em viagem transversal através dos tempos e das culturas. esses pensamentos, essas cogitações sem muito brilho, são mesmo convencionais; o passado é sempre intransferível, é uma nostalgia da experiência pessoal subjetiva que se presta a ser modificado ou suprimido em algumas de suas partes; estamos condenados a repetição de alguns modelos; uma flexão, uma dobra interpretativa, dessa maneira reinventamos, recriamos o nosso passado tornando-o sem fim. o contraste com o que se nos segue gera uma vertigem bem interessante, o trecho acima é o quase-signo de um artigo transcrito à decrepitude; à espera da secura e da precisão; relatório de danos e efeitos; veracidade jornalístico-surreal, mas em seguida surgem estes fragmentos abismais, estabelecendo a ruptura, escrita centrífuga, mas de quem fala à toa e  de dentro .