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festival de poesia latinoamericana bahía blanca #2

as mulatas do chacrinha-falabella

assim como aconteceu no episódio de racismo contra o goleiro aranha onde, a partir de um certo momento, os que se posicionaram a favor da aplicação da lei punindo os ofensores, paradoxalmente, começaram a ser demonizados porque não perdoaram a torcedora racista, agora, então, começa a se erguer uma onda de apoio ao seriado "sexo e as negas" seguindo quase os mesmos moldes. em troca de uma exposição (ou de uma visibilidade) ainda que não a ideal da imagem do negro para uma audiência mais ampla e graças à capacidade de barganha e de sedução (ou de chantagem) da emissora que patrocina a série, muitos já começam a ver com bons olhos as peripécias das novas mulatas do chacrinha-falabella. o pragmantismo da cultura das celebridades aceita tudo, essa propriedade já não é mais exclusiva do papel. assim, negros e brancos que preferem não transigir com a suposta vantagem que teria sido alcançada pelos ou para os negros com a série (na verdade se trata de uma exceção que conf...

aranha versus racismo

Proêmio Que seja leve mais essa pá de cal lançada sobre o gesto inócuo do jogador Daniel Alves que resolveu comer a banana do racismo. Por ironia propus em minha página no facebook que o senhor Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, ex-presidente do Grêmio, fizesse jus ao troféu “Imbecil da Semana” por afirmar recentemente em um programa de rádio que ofensas raciais fazem parte do “folclore do futebol”. Tudo bem, esse senhor tem o direito de afirmar o que quiser, o problema é que a sua afirmação não dá a menor atenção à questão do preconceito naturalizado no interior da sociedade brasileira, pelo contrário, acaba mesmo por reforçá-lo, pois ele se serve dessa precária constatação com a intenção de atenuar o ato racista perpetrado pela torcedora destemperada. Isto é, ela teria xingado o goleiro Aranha de “macaco” não por sua livre escolha, mas por obediência impensada a um estado de ânimo ligado ao “folclore do futebol”, estado de ânimo esse que seria como que infenso a q...

tópicos sobre os brancos

Brancos são aqueles tipos que aparecem nos comerciais. Ao contrário do que acontece com não-brancos, a presença de brancos nas peças publicitárias não precisa ser justificada. Brancos: a rigor não existem, os comerciais é que lhes conferem existência. A máxima segunda a qual um produto que tem um branco como garoto propaganda é sinal de que o produto será bem recebido, só se justifica pela preguiça, pelo cansaço e pelo preconceito. Brancos são universais, jamais particulares. Para os brancos qualquer um que se afirme não-branco comete um crime de lesa humanidade, afinal todossomoshumanos. Tenho amigos brancos. São engraçados. A branquitude dos brancos é cega. Brancos dizem: “você sabe com quem está falando?”. É branca a mão em close up que passa o cartão de crédito. Nas cartilhas de lógica consta: “Sócrates é branco”. Brancos não aceitam ser coadjuvantes. Pagam seus impostos e fazem questão de publicar isto. Se autoproclamam brancos, mas...

a permanência do sentido

O intruso é um grande talento em forma fixa inventado pelas regras sociais do século XII, e patrocinado provavelmente pelo senhor Danielo. É ainda um espécime típico do know-how conteudístico da Provença. A forma do intruso se caracteriza por uma “magreza” de expressão atinente à envergadura do seu físico. Gestos e recursos disponíveis ao vulgo não lhe são particularmente apreciáveis a ponto de levar a cabo o discurso mundano do seu comportamento. A extrema limitação de meios e a estrutura recorrente com que fia aos outros sua empresa pessoal, criam uma série de desafios à imaginação do observador. Vejamos: o sotaque ortodoxo dispõe-se em enunciados leves, medidos por tomadas de fôlego emprestadas ao envoi mais convencional; os tabuísmos terminam não em risos propriamente ditos, mas em safadezas-riso que obedecem a uma distribuição padronizada: a última safadeza-riso de cada cogitação pública se repete no final da primeira cogitação da réplica seguinte. As palavras chulas...

último refúgio

o patriotismo da redução da maioridade penal porque o patriotismo da cura gay o patriotismo separatista do gaúcho fanfarrão porque o patriotismo do livre mercado o patriotismo anticotas raciais porque o patriotismo das tvs abertas o patriotismo da claudia leite o patriotismo do jornal e o do jornalismo que disputam o qualificativo “barato” na esperança de falar ao desejo do leitor porque o patriotismo do esquenta o patriotismo do punho cerrado porque o patriotismo do linchamento o patriotismo da esquerda porque o patriotismo da direita o patriotismo das celebridades indignadas porque o patriotismo da malandragem brasileira o patriotismo que na busca pela rapidez e pela precisão força a catalogação de cada palavra na faixa mais estreita de seu significado o patriotismo da igreja porque o patriotismo dos evangélicos o patriotismo dos black blocs porque o patriotismo dos sindicatos o patriotismo da miséria porque o patriotismo do gari-pass...

depois é tarde

Depois da excessiva caridade interpretativa dispensada ao gesto (tido e havido como antropofágico) de Daniel Alves e, de resto, a contrapelo das motivações - segundo o próprio jogador -,  casuais e quase evangélicas que o levaram a cometê-lo; depois de o debate sobre o preconceito racial quase ter se transformado num quadro do Zorra Total ou do Esquenta , graças à adesão festiva dos macacos brancos,  tanto os célebres, como os não célebres, à estúpida hashtag ; depois de o cinismo ideológico da atitude classe média apresentar a devoração da banana como um gesto superior às denúncias e aos discursos contra o racismo (já que estes teriam se tornado monótonos), por ser inovador e não indicar mácula de irritação, mas, sim, de maturidade e de espírito transcendente; depois de o torcedor-quem do Villareal , autor do ato contra o jogador Daniel Alves, ter sido exemplarmente punido (seus ingressos para a temporada foram suspensos e seu acesso ao Estádio El Madrigal...