Skip to main content

melhor do que acompanhado

em resposta a uma outra solicitação que lhe fizeram

a inércia
o jornalismo cultural bodhisatwa a espera de oferendas
o provincianamente tolerável
o ubíquo professor extra-muros acadêmicos
a retranca etc
tudo isso cabe na bitola metafórica
do cavalo que não se move
porque não foi chicoteado

a quem é necessário que a literatura
ocupe um lugar especial?
ou ela estará todos os dias
no jornalário todo
e em cada página ou
ela absolutamente não é necessária
nem pertinente

vá à merda essa literatura
que é servida ab
sorvida como sobremesa em festins
onde prosadores e poetas dão o ar
da graça
apresentando preleções ponencias
sem potência a propósito de seus
respectivos gêneros
sem que para isso para este mico frátrio
embolsem um puto sequer
porque toparam participar e
fazer a coisa - pois é - assim “no amor”

vicários contistas da obesidade
poetas do melos melífero
da música gaúcha angola-conguense
estou andando para vocês
manos rápidas no engendramento
no agendamento de suas carreiras
e pelotas de gordura (a cada
pão-com-banha o que lhe é de direito)
a emperrar a máquina
gutemberguiana do pensamento

jungidos ao orçamento do passado
teuto-israelitas tedesco-açorianos
nostálgicos (mesmo quando
em distópicos lances dadaístas
perturbam animam mimam
com paradoxos poéticos
os cabeças-de-bagre
responsáveis pelas programações
de rádios am e fm que
demandam para o seu dial - sabe-se lá
por que - uns minutos
fundamentais de literatura
contemporânea) nostálgicos
de seus opulentos antepassados
pampícolas - que habitavam o
pampa - mini-prosadores ambiciosos
pensadores do frio

deixemo-los agora
bebemorarem a arre-água inchada
e fedorenta desse rio (há muito
emurado pela politicalha do lugar)
pois já restam e espojam-se nas próprias fezes
jubilosos e amortecidos
no culto estético do crepúsculo
porto-alegrense

Comments

afrhikhas said…
De coisa nenhuma faço critica de que
tenho a fazer se não a critica do la
do farpado com arame pregado no muro
indivisivel para ver nada ou coisa ne
nhuma outra vez verás.Fabulosa poesia
idratada como que não vou comer o ala
do sim do lado. E esta comentado
Anonymous said…
maníssimo, show de bola!
abração
Cândido said…
Ronald, vc não murmurou na mesa do piquete gaudério-nostálgico a insatisfação de bolso conivente e sem-sair-do-lugar. foi direto na verve caudilhesca que também crassa por aqui, em forma de pretensão continental bolivariana, ao mesmo tempo bajuladora, jaculatória e excludente. esses que militam que o poeta fala do amor e faz tudo no amor-de-merda. valeu mesmo. abração
Cândido.
marco demenezes said…
êta poema engasga-gato
piedra en el sapato,
poeta.

abraço!
R. M. Peteffi said…
Eia...bom...melhor comunicar por aqui...
mais rápido...
enfim cara...nunca fiz nenhuma oficina, de modo que ñ faço a mínima idéia de como funcionam essas coisas...
Estive dando uma olhada no que se tem realizado, em termos de vanguarda, ultimamente...encontrei algumas coisas boas, mas tão poucas pessoas que levam a sério o que fazem... de fato, desde agosto, três pessoas que levam a sério. Acho uma tristeza.
Até que encontrei vc. Oficina, ou como desejar...o que eu espero é uma troca de idéias, antes de tudo. Me sinto artisticamente sozinho aqui em BC, e quero de alguma maneira indireta participar de certos acontecimentos, embora por temperamento seja um recluso.

Enfim...

abrass
Juliana Meira said…
"jubilosos e amortecidos/no culto estético do crepúsculo/porto-alegrense"
muito bom mesmo!
abraço!
Um Allen Ginsberg solto no Pampa de Asfalto, relinchando poemas
e desfarpando cercas...Muito bom

Abraço

Popular posts from this blog

nepotismo!

Amaralina Dinka, minha filha caçula de 11 anos, escreveu seu primeiro poema e me pediu para publicá-lo aqui no blog. Ela quer receber críticas e comentários. A MOCINHA FELIZ Eu acordei bem sapeca Parecendo uma peteca Fui direto pra cozinha Tomar meu café na caneca Na escola eu aprendi A multiplicar No recreio fui brincar Cheguei em casa Subi a escada Escorreguei, Caí no chão Mas não chorei Na hora de jantar Tomei meu chá Na minha janela Vi uma mulher tagarela.

de lambuja, um poema traduzido

Ivy G. Wilson Ayo A. Coly Introduction Callaloo Volume 30, Number 2, Spring 2007 Special Issue: Callaloo and the Cultures and Letters of the Black Diaspora.To employ the term diaspora in black cultural studies now is equal parts imperative and elusive. In the wake of recent forceful critiques of nationalism, the diaspora has increasingly come to be understood as a concept—indeed, almost a discourse formation unto itself—that allows for, if not mandates, modes of analysis that are comparative, transnational, global in their perspective. And Callaloo, as a journal of African Diaspora arts and letters, might justly be understood to have a particular relationship to this mandate. For this special issue, we have tried to assemble pieces where the phrase diaspora can find little refuge as a self-reflexive term—a maneuver that seeks to destabilize the facile prefigurations of the word in our current critical vocabulary, where its invocation has too often become idiomatic. More critically, we ...

antipoema para a literatura branca brasileira

  por uma literatura de várzea por uma literatura lavada de notas de pé de página por uma literatura sem seguidores por uma literatura não endogâmica por uma literatura infiel à realidade por uma literatura impertinente por uma literatura não poética por uma literatura que não capitule à noção de "obra", acúmulo de feitos por uma literatura que não seja o corolário de oficinas de escrita criativa por uma literatura que não sucumba à chapa de que o menos é mais por uma literatura desobediente ao mercado livreiro-editorial por uma literatura imprudente por uma literatura sem cacoetes, isto é, o oposto do que faz mia couto por uma literatura que não se confunda com o ativismo de facebook por uma literatura que não seja imprescindível por uma literatura sem literatos por uma literatura, como disse uma vez lezama, livre dos tarados protetores das letras por uma literatura sem mediadores de leitura por uma literatura não inspirada em filósofos fr...