Skip to main content

o topos gráfico da página





fotos de 2 caligramas/poemas visuais de ronald augusto


espaço gráfico é um suporte, mas também é mais do que isso; a página; a tela da pintura; a tela do computador e do cinema; essa dimensão da página como lugar onde se exercita uma poética visual é mais notável no poema do que na prosa;

é o espaço onde além de se materializar um discurso que aponta para sentidos externos, esse espaço mesmo também nos obriga a estabelecer relações entre as formas que o constituem e essas relações constroem sentidos paralelos e específicos à comunicação não-verbal;

o espaço gráfico supõe a relação dinâmica entre o impresso (a mancha gráfica) e os claros (espaço em branco); há uma relação entre os traços (sejam tipográficos, sejam caligráficos) e o semântico que é mais ou menos evidente;

os valores tipográficos, traços tipográficos, representam desdobramentos da caligrafia e sua relação com o papel/página; não por acaso somos fetichistas com os manuscritos autógrafos dos escritores que admiramos; e é neste sentido que a escolha da tipologia, da fonte para o poema a ser publicado, é sempre muito difícil, pois o poeta sabe ou suspeita que o design da letra carrega, por sua vez, outros sentidos.

Comments

Popular posts from this blog

de lambuja, um poema traduzido

Ivy G. Wilson Ayo A. Coly Introduction Callaloo Volume 30, Number 2, Spring 2007 Special Issue: Callaloo and the Cultures and Letters of the Black Diaspora.To employ the term diaspora in black cultural studies now is equal parts imperative and elusive. In the wake of recent forceful critiques of nationalism, the diaspora has increasingly come to be understood as a concept—indeed, almost a discourse formation unto itself—that allows for, if not mandates, modes of analysis that are comparative, transnational, global in their perspective. And Callaloo, as a journal of African Diaspora arts and letters, might justly be understood to have a particular relationship to this mandate. For this special issue, we have tried to assemble pieces where the phrase diaspora can find little refuge as a self-reflexive term—a maneuver that seeks to destabilize the facile prefigurations of the word in our current critical vocabulary, where its invocation has too often become idiomatic. More critically, we

antipoema para a literatura branca brasileira

  por uma literatura de várzea por uma literatura lavada de notas de pé de página por uma literatura sem seguidores por uma literatura não endogâmica por uma literatura infiel à realidade por uma literatura impertinente por uma literatura não poética por uma literatura que não capitule à noção de "obra", acúmulo de feitos por uma literatura que não seja o corolário de oficinas de escrita criativa por uma literatura que não sucumba à chapa de que o menos é mais por uma literatura desobediente ao mercado livreiro-editorial por uma literatura imprudente por uma literatura sem cacoetes, isto é, o oposto do que faz mia couto por uma literatura que não se confunda com o ativismo de facebook por uma literatura que não seja imprescindível por uma literatura sem literatos por uma literatura, como disse uma vez lezama, livre dos tarados protetores das letras por uma literatura sem mediadores de leitura por uma literatura não inspirada em filósofos fr

35 anos depois, poemas

[primeira redação: 1985; duas ou três alterações: 2020]   1 espelho verde não se sabe de onde parte a vontade do vento confins com os quais o vento confina   2 um paraíso entre uma ramagem e outra e uma outra e imagens que não se imaginam por isso um paraíso   3 marcolini amigo este cálix (quieto) este cálix é um breve estribrilho um confim um paraíso uma música uma náusea                                                                                                                   4 a brisa em pleno brilho vai-se sempiterno para o claro exceto que uma claridade sem margens abeira-nos da escuridão mais aguçada                                     5 copo onde a pedra da luz faísca pão solar gomo aberto vinácea e divina ipásia                                                6 quando as palavras se tornam escuras não é porque há algo de inefável nos objetos a que elas se referem há duas razões para que isso ocorra